Apatia
O atual Fortaleza é apenas a caricatura da equipe que chegou a liderar a atual Série B. De repente, caiu no despenhadeiro. Trajetória angustiante de sete jogos sem vencer, até passar pela prostração em Salvador. Humilhação demais. Não pela goleada em si. Qualquer time, num dia infeliz, pode padecer algo semelhante. O que incomodou foi ver o Fortaleza apático, sem forças, numa anemia profunda. Cadê o sangue tricolor? Cadê a garra? Onde ficou a mística daquelas camisas? Não encontro explicação para tamanho despencar. Verdade é que o desarranjo ficou patente desde que Rinaldo exteriorizou um clima de insatisfação interna. Houve ali o primeiro sinal de que a harmonia do grupo estava a perigo. No alto comando também restou nítida divisão, desde a saída de Ribamar Bezerra. Precipitações acontecem em instantes assim. Agora será preciso muita serenidade para evitar que novos equívocos sejam cometidos.
Retomada
A história tem mostrado que, após grandes goleadas, geralmente os times despertam para a realidade e cuidam de fazer sérias correções. Estas, a rigor, na maiorias das vezes dão certo. Quero acreditar que o Fortaleza, depois desse episódio, dará a volta por cima.
Exemplo
Foi após uma histórica goleada sofrida diante do Ceará (parece 9 a 1) que Ferroviário, através do então dirigente Clóvis Dias, tomou forte posição. Ele assumiu o controle coral. Fez o Ferroviário bicampeão cearense 1994/95 e vice em 96, quase tri, numa decisão com o Ceará.
Recomposição
Com o Fortaleza não deverá ser diferente. O presidente Marcelo Desidério e toda a diretoria sabem que haverá mais pressão e cobrança se não acontecer imediata recomposição do grupo, seguida de vitórias consecutivas. Se a crise não for resolvida agora, os riscos de descida para a Série C aumentarão sobremaneira.
Queda
Amauri Knevitz demitido. Entre demitir todo o time, melhor demitir o treinador. É assim em toda parte. Amauri nem teve tempo de fazer alguma coisa. O que ele dirá quando chegar a Curitiba? Só Deus sabe. Dirigiu o time em apenas três jogos. Nem deu tempo de esquentar o banco.
Pena
A queda livre de Ceará e Fortaleza, em conjunto, faz lembrar muito o rebaixamento de Bahia e Vitória, quando ambos desceram abraçados para a Serie C. O Vitória já voltou para a “B” e tem tudo para chegar à Série A este ano. Mas o Bahia segue penando na “C”.
Porões
Ceará e Fortaleza estão seguindo o caminho do Bahia e do Vitória daquela época. A princípio, os baianos também pensavam que seria contornável a situação. Mas, quando abriram os olhos, tarde demais: o futebol baiano, antes na elite, desceu aos porões da competição nacional. Portanto, a responsabilidade de Eugênio Rabelo e Marcelo Desidério é muito grande.
Atoleiro
Advertência a Desidério e Rabelo: ninguém quer passar à história como o presidente que atolou o time nos pântanos da divisão inferior. Portanto, que cada um se cuide. As dezenas de contratações fracassadas feitas por Ceará e Fortaleza refletem grave incompetência de avaliação. Daí novos riscos.
Articulador
Coincidência ou não, taí um mote para reflexão: só foi Sílvio Carlos sair do Fortaleza, o Leão começou a desarrumar. Só foi Sílvio Carlos voltar ao futebol de salão, eis o futsal cearense no auge, experimentando fase excepcional. Incontestável, pois, a importância do papa como articulador.
Orações
Hoje, às 18 horas, na Igreja de Santa Edwiges (Av. Leste-Oeste, perto do Hotel Marina), missa de 7° Dia pela alma do saudoso Gilvan Dias, que foi um dos mais queridos e atuantes desportistas do Estado nas funções de jogador, treinador, cronista e administrador da Agap e PV. Familiares e amigos em orações.
"A soberba do futebol argentino foi maior que seu futebol".
Luciano Marques, da Varjota (Colaborador)