Relacionamento delicado
Nem sempre é fácil lidar com ídolos. As reações são imprevisíveis. No caso de Rinaldo, vantagens e desvantagens. De positivo, a certeza de que ele quer jogar. Portanto, quer participar. Não é de fazer corpo mole. Não é acomodado. Rinaldo é homem de ir à luta. Mesmo quando passa momentos adversos, ele não se acovarda. Lembro, por exemplo, o período dos pênaltis perdidos. Mesmo com essa dificuldade, jamais se negou a bater. Pelo contrário, até foi para o desafio. Assumiu riscos. Papel de quem, sem titubear, topa a parada. De negativo, os embaraços gerados pelos protestos contra os treinadores. Foi assim com Davino, assim agora com Marco Aurélio. O desconforto no grupo é sentido. As reações junto à torcida também causam apreensão. Ideal seria que o relacionamento não estourasse. Mas os impulsos humanos nem sempre permitem freio imediato. Foi o caso de Rinaldo. Nem deu tempo de frear.
Comando
Uma coisa deve ficar bem clara: o técnico não pode perder sua autoridade. O comando ficaria fragilizado se o treinador se curvasse diante do arroubo do atleta. Marco Aurélio foi correto, quando soube se impor diante da situação. Não tinha outro caminho.
Firmeza
Em momentos assim, de desentendimento isolado entre jogador e treinador, o presidente do clube tem de manter a serenidade e, de certa forma, evitar envolvimento direto. Marcelo Desidério se houve bem no episódio. Creio, porém, que os assessores poderiam ter sido mais ágeis na busca de uma composição amigável, como, por exemplo, uma imediata retratação do jogador.
Bombeiro
Entre homens civilizados, sempre é possível uma solução consensual. A retratação imediata teria evitado que o Fortaleza deixasse de contar com um jogador importante como Rinaldo, exatamente numa partida do significado desta diante do Criciúma. Nesta parte, creio, faltou alguém com habilidade de “bombeiro”.
Vantagem
Pensando bem, quem achou ótimo o desentendimento entre Rinaldo e Marco Aurélio foi o time do Criciúma. Motivo simples: viu o Fortaleza perder excelente opção. Ora, em casa, o Criciúma naturalmente terá de subir. Assim, por certo dará espaços que o veloz Rinaldo, se lá estivesse, saberia aproveitar muito bem. Sei que são conjecturas, mas, a rigor, viáveis. Pelo menos assim entendo.
Explicação
Recebi telefonema do Oman Carneiro que me falou sobre a situação do Guarany. O propósito do grupo a que está ligado é o de conduzir o Bugre de volta à primeira divisão, dentro da mesma linha que fez Sobral ganhar projeção como cidade que cresce bonita, limpa, saudável. Afirmou não ter nada contra Luís Torquato, respeitando o que este fez pelo clube. Mas entende que, no momento, melhor seria inexistir ingerência deste.
Composição
Inaceitável uma cidade do porte de Sobral fora da elite do futebol cearense. A união de todos seria a solução para alcançar tal objetivo. A nada conduz divisão de esforços, menor que seja. Isso só fortalece os adversários. Minimizar as divergências é a forma mais recomendada pelo mundo civilizado.
O tempo passa
Hoje, dia 21 de junho. Meio ano passou. O atacante Vavá fora de atividade. Por mais que me dêem explicações, não consigo entender tamanho absurdo. Um pouco mais de sensibilidade e este assunto teria sido resolvido há bastante tempo. Nem Vavá sabe o tanto que perdeu longe da ribalta. O tempo tem seu preço, amigo.
Tranqüilidade
Marcelo Vilar busca a melhor produção do Ceará com o elenco disponível. Alguns jogadores deram sinais de engajamento. Caso de Zé Augusto, por exemplo, que se mexeu bem no jogo passado. Quero crer que o fim da pressão pela primeira vitória em casa permitirá ao alvinegro a tranqüilidade necessária diante do Coritiba.
Recordando
Hélio Show foi goleiro notável. Na década de 70, ganhou vários títulos pelo Ceará. Lembro de uma atuação inesquecível dele no Pacaembu, em São Paulo. Um jogo à noite. O estádio estava superlotado. O Corinthians apertava o cerco. O jogo estava 0 a 0. Na medida em que a partida se encaminhava para o fim, a torcida mais fazia pressão. E Hélio Show pegando tudo. Um verdadeiro bombardeio. No último minuto, um chute de um atacante corintiano fez a bola bater no travessão e, na volta, bater nas costas de Hélio, entrando no gol. Azar mesmo. Deu Corinthians, 1 a 0.
"Se não fizer cálculo exato, mais tarde será um suplício. Perder dentro de casa é caixão".
Fernando Brígido
Colaborador