Decisão
A pergunta é simples e feita com freqüência: quem é o melhor, Icasa ou Fortaleza. No momento, o Icasa me parece mais homogêneo, desenvolvendo um padrão de conjunto mais ajustado. Tanto é verdade que, como lembrou o comentarista Nicássio, da Rádio Verde Vale, até mesmo nas substituições o Verdão mantém o padrão. Já o Fortaleza, nos dois jogos diante do Itapipoca, revelou-se um time ainda em busca da chamada sintonia fina. Na reta final, Paulo Bonamigo cuida das avaliações rigorosas, pois sabe que não poderá cometer equívocos nem submeter o time a novas experiências. Igor entrou muito bem no jogo passado. Mais uma ótima opção. O gol de Adriano Chuva alivia a cobrança e pode ajudar Rinaldo, uma vez que Chuva será menos cobrado. Portanto, são situações diferentes. Mas isso é análise teórica. Em partidas decisivas entram outros componentes fora do alcance do analista.
História
Fatores como tradição e história pesam nas partidas finais. O lado emocional também define. Conjunto de circunstâncias imprevisíveis como a bola vadia, o desespero, a sorte. Tudo entra numa decisão. Portanto, a avaliação do desempenho no certame fica à margem.
Ausência
Vanderlei deu um show diante do Ceará, no jogo passado. Mas, num momento infeliz, foi expulso. Sua ausência será sentida. Ele mesmo, porém, deu a dica no Debate Bola da TV Diário, ao vivo, direto de Juazeiro: “O Daniel Sobralense está voltando e pode fazer o trabalho ali, normalmente”, disse. Vanderlei foi o melhor em campo diante do Ceará.
Elenco
Vejam bem como o elenco do Verdão é versátil. Chiquinho não jogou contra o Ceará em Fortaleza, nem por isso comprometeu o lado direito do Icasa, que ganhou no PV. Já no domingo, Lopes não atuou, mas Alisson deu conta do recado. Assim também quando usa Roberto ou Marcelo. Enfim, as opções são de ótima qualidade.
Campanha
O Ceará teve limitações desde o início do certame, onde até ameaçado de ser rebaixado foi. Oscilou muito antes de sair do sufoco e ingressar no G-4. Em nenhum momento se mostrou superior ao Icasa. Além disso, teve problemas internos graves. Exemplo: o que Vinícius fez pelo Ceará este ano? O que Clodoaldo fez pelo alvinegro este ano. Pesaram na folha e pouco produziram. Dois homens de ataque que o Ceará tanto precisou.
Injustiça
Inadmissível colocar a culpa da eliminação alvinegra exclusivamente no técnico Marcelo Vilar. A culpa pelo fracasso foi de todos, ou seja, do alto comando ao grupo de jogadores. Individualizar a culpa seria injustiça. A sucessão geral de erros culminou com a perda da possibilidade do bicampeonato.
Resultado
A bem da verdade, o Ceará até surpreendeu no processo de recuperação, pois, em determinados momentos do certame, deu a impressão de que seria rebaixado. Não fosse a reação da torcida, que fez pressão, o resultado do ano no estadual poderia ter sido pior.
Reformulação
Agora o alvinegro só tem um caminho: reestruturar o grupo para a Série B. E, pelo visto, terá muito trabalho. Devia aprender a lição do Icasa que, com investimento menor, fez um ótimo time.
Calma
Rinaldo tem dois jogos para tentar terminar o certame como artilheiro maior. Carlos Alberto tem 14 gols. Rinaldo, 13. Em 2006, Rinaldo marcou 19 gols. Rinaldo tem condições de conseguir seu objetivo. Se tiver calma.
É Chuva
Adriano me disse que o primeiro gol dele pelo Fortaleza demorou, mas surgiu na hora certa, ou seja, o que classificou o clube para a final. Adriano Chuva acredita que agora, sem as tensões da cobrança, poderá render muito mais. Passada a sofreguidão, a tendência é, pela nova situação, os gols saírem normalmente.
Recordando
Foi bom ver no Debate Bola de domingo passado, direto de Juazeiro do Norte, os ex-jogadores Nicássio e Geraldino Saravá. Ambos deixaram na história do futebol cearenses as suas marcas de talento e dedicação. Nicássio foi meio-campista de largos recursos, brilhou no Icasa, no Ceará e em outros estados do Nordeste. Geraldino brilhou no Fortaleza e no Ceará. A vocação de Geraldino para golear o transformou no maior artilheiro da história do Castelão. Hoje, os dois moram em Juazeiro do Norte e trabalham em funções distintas.
"Hoje, sou mais europeu que brasileiro. Jogar com este calor é difícil".
Ronaldo, reclamando da alta temperatura na Itália
Atacante do Milan, citado na Veja