O árbitro Rodrigo Joia, a convite do apresentador Antero Neto, esteve ontem no programa A Grande Jogada (TV Diário). O tema: tirar dúvidas sobre mudanças na arbitragem determinadas pela Fifa. No foco sobre pênalti decorrente de lance em que a bola bate na mão (mão é quase o braço todo), a Fifa mudou a anatomia. A mão compreende a mão propriamente, o antebraço e o braço, sendo que este até à altura da manga curta da camisa. E ainda dizem que estão querendo simplificar. Juntando-se a isso à subjetividade de interpretação de lances polêmicos, podem preparar confusões futuras. O próprio VAR não terá condições de dirimir algumas dúvidas. Há ainda a questão da intenção ou não do atleta no caso de o autor do lance supostamente punitivo ser um atacante. É muita interpretação para o árbitro, em segundos, dizer o que foi ou o que deixou de ser. Está difícil estabelecer um padrão porque em cada cabeça uma sentença. Rodrigo Joia foi show na explanação. Revelou elevado conhecimento a respeito das mudanças. Mas uma coisa é explicar na televisão com imagem que pode ser congelada. Outra coisa é definir na hora do jogo, sob todo tipo de pressão, principalmente do torcedor.
Ampliação
Eu não sei de quem partiu a ideia de estender o tamanho da mão, passando a compreendê-la como sendo também o antebraço e parte do braço. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Correto era ter deixado como antes, ou seja, unicamente a mão. Era bem menos complicado para a arbitragem.
Intenção
Há algum tempo, mesmo que o atleta tocasse na bola com a mão, valeria a intenção. Se involuntária, nada de pênalti. Se com a intenção de tirar proveito, aí sim marcação de pênalti. Claro que as possibilidades de erro eram bem menores. Mão ampliada, possibilidade de marcação errada ampliada também, na mesma lógica.
Proporção
Na medida em que ampliou o conceito de mão, a Fifa ampliou também as possibilidades de erro. Isso é proporcional. Se a intenção era reduzir as chances de erro, cometeram o maior equívoco do mundo. E atiraram às feras os árbitros, embora tenham estes agora, às vezes, a ajuda do VAR. Ficará difícil para um profissional do apito ter a plena certeza da decisão tomada.
Pílulas
Os "meninos" da FIFA esqueceram de tratar a mão com o devido carinho, deixando-a do tamanho compreendido pelos compêndios de anatomia. Como a mão que afaga é a mesma que apedreja, os "meninos" da Fifa assumiram o risco de receber mais pedradas após essa ampliação burra.
Para esquecer as maluquices dos "meninos da Fifa, vou me divertir ouvindo a música "Quero Beijar-te as Mãos", sucesso na voz de Anísio Silva ou então ler o livro "A Mão e a Luva" do notável escritor brasileiro Machado de Assis. O negócio então é meter a mão na massa, deixando a Fifa para lá.