O currículo Série A do novo treinador do Vozão é bom. Lembra o candidato a um emprego que logo é admitido pela elevada qualificação profissional. No Brasil, dividiu-se a classe de treinadores em veteranos e emergentes. Os primeiros, já pelo preconceito de idade aqui existente, sofrem com essa discriminação. Os segundos, levados pela crista da onda do louvor ao jovem, estão em plena ascensão. De repente, despreza-se toda a experiência de um treinador porque não mais se enquadra no culto à renovação de valores humanos. Aí, os paladinos das mudanças radicais pugnam pelas exclusão dos veteranos e elegem os novos como solução para todos os males. Não aceito a disputa entre jovens e velhos. Cada um tem importante contribuição a dar. Os mais antigos pela bagagem adquirida nas vitórias e derrotas de todos os matizes. Os jovens pela energia e vontade de descobertas no vasto campo das variações táticas. Adilson Batista, técnico que o Ceará contratou, situa-se na faixa intermediária: nem velho, nem jovem. Está no ponto de convergência entre a experiência e a inovação. Pronto para missão bem delicada, bem difícil.
Incoerência
Os que dizem que Felipão e Luxemburgo, dentre outros, estão ultrapassados, entram em contradição quando afirmam que um time tem que ser mesclado de jovens e veteranos. Ora, se na formação de um time de futebol a experiência vale, tal argumento também deve valer quando a questão diz respeito aos treinadores de futebol.
Jogar bonito
O Flamengo está jogando bonito. Um futebol veloz, com triangulações, alta criatividade e letal nas finalizações. Não digo que seja melhor que o grande Flamengo de Junior, Andrade, Adílio e Zico. Mas se aproxima. Em momentos, lembra aquela máquina de jogar futebol. Tem tudo para ganhar a Libertadores deste ano.
Retomada
Vendo o atual Flamengo em ação, passo a acreditar na retomada do melhor futebol brasileiro. É um modelo no qual Guardiola, segundo declaração dada por ele próprio, inspirou-se para formar o famoso Barcelona e a Seleção Espanhola que encantaram o mundo na época de ouro do tic-tac. E observem que sou admirador do Vasco da Gama.
O técnico adilson Batista mal desembarcou e já estreia diante do Goiás num jogo em que o Ceará não pode perder. Mesmo sem dar causa aos problemas, ele recebe a forte pressão herdada de seu antecessor Enderson Moreira. Sem direito a mais tempo para adaptações, Adilson tem de partir para o desafio como guerreiros de última hora, ou seja, na coragem e na raça.
Se o Fortaleza repetir no Pacaembu o belo futebol que mostrou na volta de Ceni, quando ganhou do Botafogo no Castelão, creio que terá boas chances de vitória sobre o São Paulo. Para o goleiro Rogério Ceni, seria uma resposta aos que o demitiram do São Paulo quando iniciou a sua carreira de treinador. Acho que Ceni ainda sonha em voltar ao São Paulo na nova função que abraçou. Acho, apenas.