Goleiros e a fonte de inspiração

Tenho acompanhado o esforço dos cronistas esportivos, na luta para manter no ar os programas, apesar da falta da matéria-prima, que é a bola rolando pelos campeonatos afora. Aí é que entra a criatividade dos meus queridos companheiros de profissão. A renovação de contrato do goleiro Diogo Silva com o Ceará foi analisada sob todos os ângulos e aspectos. Espicharam até onde foi possível espichar. Para sorte geral de quem clamava por um assunto novo, surgiu o interesse do técnico Jorge Sampaoli, hoje no Atlético/MG, pelo goleiro do Fortaleza, Felipe Alves. Isso deu mote a mil observações. Dois goleiros, assunto para mil resenhas. E não faltará pauta ainda que a paralisação das partidas seja prorrogada. Certa feita, o repórter da Rede Globo, Régis Rösing, foi ao Estádio do Botafogo para cobrir um treino. Lá chegando, a programação tinha sido mudada. Ele olhou e viu os varredores do clube em ação, fazendo a limpeza do estádio. Pronto. Dali saiu a matéria principal do dia. O repórter inteligente, criativo, não volta de mãos vazias para a redação. Sei que nem todo repórter tem a capacidade de Régis Rösing. É verdade. Mas nele qualquer um pode buscar inesgotável fonte de inspiração.

O melhor

Dos goleiros atuais do futebol cearense quem é o melhor? Resposta simples: Felipe Alves. Digo isso não porque ele sabe sair jogando com os pés, mas pela vocação mesmo de fazer importantes defesas. Fernando Prass se mostrou vacilante logo quando chegou para o Ceará. Depois firmou-se titular no Vozão. É bom, mas Felipe Alves está melhor.

Nomes

Do ano de 1956 para cá, vi em ação notáveis goleiros que atuaram no nosso futebol cearense. Cito alguns deles: Adir, Sieta, Jairo, Ivan Roriz, George, Gilvan Dias, Pedrinho Simões, Dadá, Pinto, Romualdo, Pedro Cruz, Aloísio II, Cícero, Rominho, Sérgio Monte, Hélio Show, Jefferson, Lulinha, Pedronito, Maizena, Bosco e Harry Carey, o melhor de todos.

Ídolo

O goleiro que marcou a minha vida de espectador foi Ivan Roriz, também chamado de Ivan Boião, que atuou pelo Ceará Sporting Club e Seleção Cearense nas décadas de 1950 e 1960. Não foi o melhor, mas tinha carisma. Foi campeão do Norte, titular da Seleção Cearense de 1954. Fui um fã incondicional dele.

Um fato me fez mais admirador do ex-goleiro Ivan Roriz. Quando Gildo, o maior ídolo do Ceará em todos os tempos, pendurou as chuteiras, Ivan levou Gildo para trabalhar com ele na então Fábrica de Doces Real. Nobre gesto do Ivan. Gildo passou muitos anos de sua vida trabalhando lá.

A maior mágoa de Gildo foi ter sido dispensado pelo Ceará em 1972. Gildo tinha sido campeão pelo Ceará em 1971, inclusive marcando gols importantes. Quando pensava que ia ser chamado para renovar contrato, foi informado de que o Vozão não tinha mais interesse em seu concurso. Gildo jamais esqueceu esse fato.