Ouvi e li opiniões variadas sobre a decisão de fechar os portões dos estádios ao público como medida preventiva contra o coronavírus. Entre os especialistas observei prudência para evitar o pânico, mas chamamento à realidade para entender a gravidade do momento. Assim houve quem assumisse todos os riscos e houve quem optasse pela reserva. Cada cabeça uma sentença. O coronavírus mata. Em pessoas idosas é mais letal. Ninguém, porém, está blindado. Nem jovens, nem idosos; nem crianças, nem pessoas de meia-idade. Estádios fechados. Como ontem citei: futebol sem trilha sonora. Espécie de filme mudo dos tempos atuais. Sem o calor da emoção e sem o alarido da torcida, tudo se torna muito estranho. Narrei o jogo do Ferroviário. Cadê o barulho do torcedor que anima. Nada. Silêncio sepulcral. Por mais paradoxal que pareça, deu para ouvir o silêncio. Ou melhor: sentir o silêncio. Afinal, exagero ou responsabilidade a decisão que fechou os portões dos estádios? Na minha avaliação, responsabilidade. Não mais vejam o coronavírus como algo distante em países distantes. O vírus maldito está aqui. Confirmado. A situação é séria, amigos.
Efeitos
A paralisação das competições pode trazer uma série de transtornos. O primeiro efeito é na queda de ritmo das equipes. Quem já alcançou o melhor nível certamente será muito prejudicado. A paralisação quebra o estágio alcançado pela falta de jogos oficiais. Treino não é a mesma coisa.
Frase
Didi, o Folha-Seca, mestre da Seleção Brasileira bicampeão mundial em 1958/1962, já dizia: "Treino é treino; jogo é jogo". Simples de entender: jamais num treino o atleta aplica todo o esforço físico e mental. Isso fica para o momento próprio da competição. Aí, sim, o atleta busca a superação. Não raro, ultrapassa limites. Treino tem seu valor como preparação, mas não há como compará-lo com o nível de alta performance dos jogos oficiais.
Necessidade
A realidade vivida pelo mundo doente exige providências. Ainda me sinto confuso diante de tantos males. Quando vejo a gente sadia do esporte tomando suas precauções, imagino como expostas ficam as pessoas comuns do povo, muitas delas privadas até de boa alimentação. Deus meu...
O atacante Leandro Carvalho voltou às graças da torcida depois da vitória (2 x 1) sobre o Sport na qual ele teve notável participação. Leandro tem valor. Às vezes, por um temperamento difícil, ele termina por comprometer o todo de seu trabalho. Se souber controlar seus impulsos, produzirá muito mais. Ele sabe muito.
Comete grave erro de avaliação e de percepção quem se mostra indiferente ao conjunto de medidas para conter o avanço e a disseminação do coronavírus. Quem é do esporte, quem cultua a saúde nas academias, mais razão tem para refletir sobre a doença. A sensatez é fundamental nessa hora.