Emoções fortes e diferentes de mais um domingo sem futebol 

O jornalista Sílvio Carlos, nas décadas de 1960 e 1970, dizia que domingo era dia de missa, praia e futebol. Depois, com o aumento do número de evangélicos, ele acrescentou: missa, culto, praia e futebol. Agora, praia nem pensar, futebol parado, missa e culto só pela televisão. São as coisas imprevisíveis de um mundo cada dia mais materialista e desumano, mais injusto e cruel. Países ricos, imperialistas, que gastam bilhões e bilhões de dólares na fabricação e descoberta de armas mais letais, deveriam investir todo esse dinheiro na saúde. Mas só agora, diante da ameaça do coronavírus, descobriram que investir na saúde vale mais. Nesse jogo, o vírus não espera. Partiu para o ataque com todo o poder de destruição pulmonar. E deixou a desgraça de homens e mulheres sepultados em série. Urnas funerárias em fila saindo das fábricas como os carros saem das montadoras. O futebol parado. Missas e cultos virtuais. Praia só nas paisagens de fotos e vídeos ou das janelas das casas e apartamentos próximos ao mar. A frase do Sílvio Carlos foi desmontada pela Covid 19. Restou a telinha do computador ou a telona da televisão. Ontem por aí vivi emoções diferentes, proporcionadas pela “live” da Esquadrilha da Fumaça. 

Arrojo 

Sem futebol, fui para a minha outra paixão: aviões. A live da Esquadrilha da Fumaça, que festejava 68 anos de criação, mostrou a perícia do aviador militar brasileiro, competente, arrojado, desafiando limites, com extrema responsabilidade. Quarenta minutos depois, encerrada a apresentação, tinha eu vivido emoções fortes e diferentes. 

Opções 

Temo muito que os amantes do futebol encontrem outras opções e criem novos hábitos. O afastamento leva o ser humano a descobrir alternativas onde ele, sem perceber, muda de ideia. Daí parte para novas maneiras de divertimento. Conheço muitas pessoas que, por motivos diversos, deixaram de ir aos estádios. 

Retorno 

Quero crer que haverá duas situações após o coronavírus: a dos desportistas que voltarão secos por ver outra vez os jogos de futebol ao vivo e a dos desportistas que terão de ser estimulados ao retorno às praças de futebol. Pesará também os preços dos ingressos. Há que se verificar também a queda do poder aquisitivo da população. 

Pílulas 

Fiquei muito triste ao saber da morte do meu amigo Renato Bonfim, que conheci no mundo do futebol há mais de 30 anos. Apaixonado pelo Fortaleza, conselheiro tricolor, sempre marcou presença nos momentos de definição do clube. 

Renato foi um mestre na atividade comercial de brindes. A cada ano antecipava-se nos presentes, lembrança e sugestões. Tinha criatividade para agradar e envolver. Recebeu de Deus esse dom. À sua esposa, dona Marta Bonfim, e aos demais familiares meu profundo sentimento de pesar.