É muito fácil criticar a Seleção Brasileira

Leia a coluna dessa quinta-feira (19)

Empate (1 x 1) com a Venezuela na Arena Pantanal. Derrota para o Uruguai (2 x 0) no Estádio Centenário em Montevidéu. Desabaram todas as críticas sobre a Canarinho. Desabaram todas as críticas sobre Fernando Diniz. Houve até quem pedisse a volta do treinador Tite. Os apressados de sempre. Os precipitados de sempre. Os agoniados de sempre. Verdade que a Canarinho não tem jogado bem. Verdade que Fernando Diniz, conforme seus próprios conceitos, não conseguiu modelar o time. Mas quem consegue, em quatro jogos, modelar um time de futebol?

Será que, sob o comando de Carlo Ancelotti, em quatro jogos, a Seleção Brasileira já estaria pronta, perfeita, ajustada em todas as suas linhas? Há alguns anos, parte da imprensa ungiu Telê Santana como o melhor técnico do Brasil em todos os tempos. Pois Telê não ganhou nada no comando da Seleção Brasileira. E mais: perdeu duas Copas do Mundo, tendo sob seu comando uma das mais brilhantes gerações de atletas do futebol brasileiro como Zico, Sócrates, Cerezo, Júnior, Falcão, Éder. Quando querem endeusar um, endeusam. Quando querem detonar um, detonam. Diniz, pelo visto, está incluído nessa última parte. 

Dois pesos 

A Seleção Brasileira não deu certo com Dunga em 2010, com Felipão em 2014, com Tite em 2018 e 2022 e agora estão criticando Fernando Diniz. É preciso lembrar que a geração que está aí nem de longe dá para comparar com a geração de Zico, Sócrates, Falcão, Júnior e Careca. Ora, se Telê perdeu duas Copas com um grupo assim e continua sendo incensado, há dois pesos e duas medidas. 

Qualidade 

A pergunta é simples: a maioria dos jogadores da Seleção Brasileira atua nos melhores times europeus. Portanto, faz parte da elite do Velho Mundo. Por que em seus clubes esses atletas brilham, mas não brilham tanto na Seleção Brasileira? Resposta simples: no clube de origem eles têm entrosamento, automação.  

Tempo 

Não é da noite para o dia que uma equipe encontra o entrosamento. Há primeiramente um processo de assimilação. Depois, com a prática, os ajustes acontecem. Aí a produção alcança o patamar desejado, tanto na condição física quanto na condição técnica. Demanda tempo. É impossível alcançar um estágio assim em dois meses. 

Ídolo 

Sobre Neymar há uma incógnita. Qual será seu futuro no futebol mundial? Atua num país onde a qualidade do futebol está bem abaixo do futebol europeu. Se não for exigido como no futebol europeu, haverá acentuada queda de qualidade. Ele terá de escolher: a bola ou o mundo árabe. As seguidas contusões são consequência. 

Conclusão 

Está cada vez mais difícil a Seleção Brasileira alcançar o prestígio e o patamar de outrora. O modelo de preparação é tido e havido como inadequado. Mesmo assim, segue inalterado. Creio que já é hora de olhar mais para os jogadores que atuam no Brasil. Se há vinte anos os jogadores vindos da Europa não resolveram, já não seria hora de inverter as preferências?