É hora de extinguir as “senzalas” nos campos de futebol

Confira a coluna desta segunda-feira (19) do comentarista Tom Barros

No sábado passado, quando do jogo em Barcelona, o protesto da Seleção Brasileira contra o racismo alcançou grande repercussão. O uniforme preto, usado pelos jogadores brasileiros, foi um recado à humanidade. Não importa a cor da pele: importa o homem feito à imagem e semelhança de Deus. Pergunto: que prazer tem uma pessoa ao agredir os jogadores negros nos estádios? Não sei. Mas sei que se trata de um crime repudiado pela maioria dos povos do mundo. As agressões raciais sofridas pelo atacante Vini Jr revelam que a velha e civilizada Europa não está tão civilizada assim. Ainda existem muitas senzalas nos corações dos europeus. Ainda existem muitos açoites nas perversas mãos dos disfarçados segregacionistas do Velho Mundo. Lamentavelmente, aqui no Brasil também existem as práticas racistas, ora camufladas, ora ostensivas. Os dados do IBGE mostram o quanto a pele negra ainda é motivo de desvantagem diante dos desafios da vida. O protesto feito pela seleção Canarinho foi de extrema valia, mas não pode ficar restrito a um ato só. O combate à discriminação tem de ser continuado e permanente, até que sejam extintas para sempre as “senzalas” erguidas pelos racistas nos campos de futebol. 

Exemplo 

Qual o mal que Vini Jr fez para sofrer tanta perseguição por parte dos malfeitores racistas? Nenhum. Vini apenas realizou o sonho de um dia vencer a miséria com a arte de jogar futebol. Garoto pobre que, com grande talento, superou barreiras e preconceitos. E chegou ao topo no Real Madrid, um dos maiores times do mundo. 

Maldade 

Vini e outros atletas negros são vítimas de insultos, provocações e agressões simplesmente pelo fato de não serem brancos. Um absurdo. São desrespeitados por idiotas que se julgam pertencentes a uma raça superior. Essa maldade contra os negros tem de acabar dentro e fora dos campos de futebol. Punir com rigor os infratores é uma necessidade. 

Aplausos 

Os atletas negros merecem todos os aplausos. São duplamente vencedores. A principal vitória deles é contra o preconceito. Além disso, deixam nos estádios a marca de seus extraordinários talentos. Já imaginaram o futebol sem Edson Arantes do Nascimento, Rei Pelé? Ficaria faltando a genialidade que encantou o mundo durante décadas. 

Nomes 

Eusébio, o futebolista luso-moçambicano, também chamado de Pantera Negra, assombrou o mundo com sua arte, máxime na Copa do Mundo de 1966, quando a Seleção de Portugal ficou em terceiro lugar. Foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo de 1966 na Inglaterra, sendo também seu artilheiro maior com nove gols. 

Exemplo histórico 

No dia 7 de abril de 1924, o então presidente do Vasco-RJ, José Augusto Prestes, comunicou à Liga Metropolitana que se recusava a participar do Campeonato Carioca sem os seus jogadores negros, exigência que tinha sido imposta pelos dirigentes. Esse episódio ficou conhecido como “Resposta Histórica”. O Vasco rompeu com a Liga. Foi o primeiro clube brasileiro a lutar contra o racismo.