Difícil comparação entre ídolos de diferentes épocas

Clodoaldo, o "Baixinho bom de Bola". A torcida entoava a plenos pulmões: "Uh, terror, Clodoaldo é matador". E era. Depois dele, nunca mais nos gramados cearenses surgiu algum jogador com as qualidades dele. Requinte no drible, perfeição no trato com a bola, letal nas conclusões. Quantas vezes assinalou gols em toques sutis, que deixavam o goleiro babando no chão, vendo a bola na rede. Num é mesmo, Rogério Ceni? Nos últimos 30 anos não vi nenhum cearense melhor do que Clodoaldo. Antes dele, sim. Nas décadas de 1950 e 1960, Mozart Gomes, o Mozartzinho. Mas não era tão grande a diferença entre o talento do Clodô e o talento do Mozart. Aproximavam-se em vários itens, mas Mozart era mais agudo. Também canhoto, também de dribles fáceis, apenas mais preciso nas finalizações. Mozart jogava bonito, elegante. Chamava atenção. Muito jovem foi titular no Fluminense na época de ouro do futebol brasileiro. Em 1957, quando atuava no futebol pernambucano, Mozart teve seu nome lembrado para a Seleção Brasileira que terminaria campeã do mundo na Suécia. Felizes os que viram Mozart jogar. Felizes os que viram Clodoaldo jogar.

Biografia

Saraiva Junior escreveu a biografia do ídolo Mozart. A obra é de leitura obrigatória para todos os desportistas que desejam saber detalhes da vida desse craque e ídolo do Fortaleza. Mozart, assim como Clodoaldo, também jogou no Ceará. Mas, a rigor, a sua imagem, como a do Clodô, está mesmo ligada ao Fortaleza.

Craque

Outro cearense que está no mesmo patamar desses dois ídolos é Iarley. Esses as novas gerações viram jogar. Iarley conseguiu mais fama e sucesso que Mozart e Clodoaldo. Ganhou dois títulos mundiais, um pelo Boca da Argentina e outro pelo Internacional de Porto Alegre. Iarley foi um craque excepcional.

Ídolo

Interessante é que Iarley não deixou a sua imagem como ídolo ligada intrinsecamente a nenhum dos grandes clubes cearenses, embora tenha jogado no Ceará. A sua imagem vencedora fez-se mais forte pelo que conquistou fora daqui. Não sei como Iarley nunca foi convocado para a Seleção Brasileira.

Lamentavelmente os gols e lances de Mozart perderam-se no tempo. Na época não havia os meios disponíveis de hoje para gravar. Eram feitos filmes curtos de 100 ou 200 pés. Esses filmes, se não fossem bem acondicionados, mofariam e perderiam a qualidade. Foi o que aconteceu.

Iarley e Clodoaldo são ídolos de agora. As imagens deles estão aí, coloridas, bem vivas. De Iarley, inesquecível o passe para gol do título mundial do Internacional sobre o Barcelona. E, nos minutos finais, ele segurando a bola no ataque, perto da bandeira de escanteio, garantindo o título.