Crise: a verdade nua e crua

Não há mais como esconder: o início cearense na Série A do Campeonato Brasileiro revela que os clubes estão sentindo a falta de uma pré-temporada. Os jogos seguidos e as viagens frequentes começam a revelar, de forma mais ostensiva, a dificuldade que Fortaleza e Ceará estão tendo no presente momento. Nem mesmo o título de campeão invicto da Copa do Nordeste livrou o Ceará das consequências naturais de tanto tempo de paralisação do futebol. E o Fortaleza revela-se perdido e confuso na tentativa de reencontrar o que já foi há bem pouco tempo: um time agudo e vitorioso. Hoje um time obtuso e não ganhador. Há quem não goste de aceitar a verdade. E aí está a verdade nua e crua. Não vejo, porém, motivo para nenhum desespero. Nada de precipitações decorrentes da pressa. Em momentos assim, melhor é não perder o controle mental diante da pressão da crônica ou da torcida. Ter a cabeça no lugar é fundamental para superar as dificuldades. Lavar roupa em casa será essencial. Geralmente nas crises surgem mágoas que comprometem o ambiente interno. Uma coisa é ambiente de equipe vencedora. Outra coisa é ambiente de equipe sem vitórias.

Oportunidade

O atacante Edson Cariús não foi bem na sua primeira partida como titular na Série A. Mas é preciso entender que o time todo não foi bem. Cariús errou na única oportunidade clara de gol que teve. Alguns acham que ele sentiu o peso da responsabilidade. Não entendo assim. Ele viveu e vive a mesma ansiedade que envolve no momento todo o grupo.

Cobrança

Clebão, porque vinha marcando gols em quase todas as partidas, só recebia elogios. Porque perdeu no Estádio Mineirão a chance do gol de empate, logo sofreu críticas. Ora, amigos, Clebão não é máquina infalível. É um atacante com direito a perder gols como todos os outros. Aliás, em Minas Gerais, acho que o Guto Ferreira deveria ter escalado Clebão desde o início.

No banco

Não sei a razão por que Guto Ferreira não tem usado Ricardinho nem mesmo nas cinco substituições que pode fazer. Se não tem ninguém correspondendo no setor, creio que Ricardinho poderia perfeitamente ter entrado em Minas. Não entendo certas coisas no futebol.

A ausência da torcida tem tornado neutros todos os estádios? É um caso a ser analisado. A torcida tem influência ou não? Em 2004, em pleno Maracanã, diante de mais de 100 mil torcedores, o Santo André ganhou a final da Copa do Brasil, derrotando o Flamengo.

Também no Maracanã, em 1950, diante de 200 mil torcedores, o Uruguai ganhou a Copa do Mundo, derrotando o favorito Brasil. Em 2018, no Maracanã, diante de mais de 60 mil torcedores, o Ceará derrotou o Flamengo (0 x 1). A torcida faz a diferença? Ceni acha que faz.