Hoje, em Maceió, no Estádio Rei Pelé, o Ceará enfrentará o CRB pela 31ª rodada da Série B nacional. A situação interna do Ceará é de muita apreensão. Os seguidos insucessos trouxeram grave desconforto. Trouxeram também os naturais protestos de uma torcida que não se conforma com a inaceitável fase alvinegra. Na medida em que o Vozão foi perdendo o contato com os times do G-4, aumentou a descrença. A diferença de onze pontos que o separa do Guarani-SP, último do G-4, reduz a expectativa de melhor aproximação.
Ainda assim há os que continuam acreditando. Há os que sonham com o milagre da reviravolta. Faz parte. O CRB é vizinho de infortúnio, mas tem três pontos a mais que o Vozão. A rigor, os dois contendores estão mais para a permanência na Série B de 2024 do que para ascensão à Série A do próximo ano. Exatamente em razão disso há uma enorme frustração. Entretanto, não adianta desespero. A realidade do futebol tem de ser encarada com altivez, máxime nas condições desfavoráveis. Em tempos de bonança, dirigir é fácil. É nas adversidades que o autêntico líder se revela. A ausência desse líder parece ser, no momento, a maior carência do Ceará.
Nomes
Lembro de dirigentes que cresceram nas crises do Ceará. Com carisma, transformavam ambientes negativos em situações altamente favoráveis. José Elias Bachá, por exemplo, tinha esse poder mágico. Foi assim que conquistou o bicampeonato estadual de 1957 e 1958. O Ceará estava há cinco anos sem ganhar nada. José Elias Bachá levou o time ao bicampeonato.
Títulos
Franzé Moraes também foi um presidente carismático. Chamava de “meu baú” a torcida alvinegra. Foi três vezes presidente do Vozão. Era polêmico também. Ganhou o campeonato estadual de 1980. Também conquistou o campeonato estadual de 1984, 1990 e 1992. Detalhe: o de 1992 dividido com o Fortaleza, Tiradentes e Icasa.
Nova era
O ex-presidente Evandro Leitão, hoje deputado estadual, inaugurou uma nova era no Ceará. Foi com ele que o time alcançou a Série A nacional. Foi com ele que zerou as dívidas trabalhistas. Enfim, estabeleceu um modelo de gestão que trouxe equilíbrio financeiro. Com ele o Ceará passou a ser visto como exemplo na esfera administrativa, fato que resultou no notável êxito em campo.
Crise
Agora o Ceará voltou ao tempo de escassez. A situação está complicada dentro e fora de campo. Tenho tido o máximo cuidado na avaliação do atual momento. Não considero justo colocar a culpa numa única pessoa. Um conjunto de equívocos leva à lona uma equipe. Portanto, a culpa tem de ser dividida entre os protagonistas.
Divisão
Se não houver um movimento que tenha por objetivo unir força em Porangabussu, certamente o Ceará sofrerá novos e severos reveses. Repito: há nítida carência de líderes natos no seio da família alvinegra. Temo que a demora no surgimento de uma liderança autêntica acabe levando o Vozão a situações mais complicadas do que a experimentada no momento. Carência de líder é coisa séria.