Carrasco não: Il Bambino d'Oro

O Estádio Sarriá não existe mais. Foi demolido em 1997, quinze anos depois da tragédia na qual a Itália eliminou o Brasil na Copa de 1982 na Espanha. O cenário daquele desastre deu lugar a um parque, hoje frequentado por jovens que talvez nem saibam o que ali aconteceu. O que para os brasileiros foi um desastre, a Azzurra festeja como apoteose. No Sarriá, Paolo Rossi e companheiros decolaram para o título mundial. Um Rossi iluminado, em jornada perfeita, inesquecível. Silenciou os que tinham certeza da vitória brasileira. Por três vezes, Rossi no lugar certo, na hora certa, para conclusões certas. Seus três gols trespassaram os corações brasileiros. E feriram de morte a seleção de Telê Santana, até então tida como imbatível. Afinal, dias antes, a Canarinho, dando show de bola, ganhara da Argentina com Maradona e tudo. Os anos passaram, Rossi fez amizade com Zico e Júnior. Em 1975, jogou pela Juventus um amistoso no Maracanã, quando perdeu para o Flamengo (2 x 1). No ano passado, gravou um especial no Maracanã. Brincou. Bateu três pênaltis, sem goleiro, e fez os três gols. Sorriu e disse que só fazia de três. Sem saber, uma espécie de despedida de um povo que nutria, não pelo carrasco, mas pelo Bambino de Ouro uma doce simpatia.

Vida passageira

No comentário, citei Paolo Rossi, Maradona e Telê Santana. Homens que conviveram com as glórias e as tristezas do futebol. Ídolos amados e criticados. Seres humanos imperfeitos, mas virtuosos. Hoje, os três já partiram para o mundo espiritual. Deixaram o registro de seus talentos. Rossi e Maradona foram campeões do mundo. Telê sucumbiu em duas Copas.

Bicampeão mundial

O que Telê não conseguiu com a Seleção Brasileira conseguiu no comando do São Paulo: duas vezes campeão da Libertadores e duas vezes campeão do Mundo. Apenas para citar os títulos mais importantes que obteve no tricolor paulista. Na Seleção Brasileira, Telê passou batido, apesar de comandar uma geração de craques.

Passageiras

A vida é assim mesmo. As glórias são passageiras. E as agonias também. Em 1980, Paolo Rossi, antes do título mundial, teve sérios problemas, acusado de participar de manipulações dos jogos da loteria esportiva italiana. Ficou dois anos afastado do futebol. Deu a volta por cima. Venceu. Maradona sofreu horrores com as drogas. As tragédias humanas também alcançam os ídolos.

Pilulas

Lamentei não ter ido a Crateús nas férias recentes. Mas pelo telefone participei do programa do Marcelo Chaves na Rádio Poty. Marcelo há alguns anos foi eleito, com méritos, o melhor comunicador do interior, homenageado em Fortaleza, justo no dia em que também recebi meu troféu. Marcelo é bom demais.

Participei do programa do Ercílio Moreira (Encontro com a Saudade). Show. Tenho vontade de conhecer em Crateús a FPO, faculdade onde a minha filha, Alessandra Almeida Barros, ensina Direito Penal. Um dia vou matar a saudade da terra do meu pai, Victor.