As façanhas do Ferroviário que eu conheço

Leia a coluna desta terça-feira

Muitas vezes já ouvi dizer que há coisas que só acontecem com o Ferroviário. E, pelo visto, é mesmo. São emoções diferentes que levam a torcida ao limite, beirando o infarto. Nenhum outro time tem tido campanha tão positiva quanto a campanha do Ferrão na atual Série D nacional. Na fase de grupos, marcou 36 pontos. A maior pontuação dentre os 64 times. Quem mais se aproximou foi o Nacional-AM, que marcou 30 pontos, seis a menos. Pois o Ferrão, único invicto na competição, por pouco não foi eliminado pelo Maranhão.

Quase matou de ansiedade seus milhares de torcedores. Quando o Maranhão fez 1 a 0, aos 47 do segundo tempo, até o mais confiante torcedor coral viu o fantasma da desclassificação, com todos os maus agouros, pairando sobre o PV. Se não fosse assim, não seria o Ferroviário. Tinha de ser assim, sofrido, doído. O empate aos 51 minutos espantou o fantasma maranhense, que foi definitivamente defenestrado na série de pênaltis. Esse é o Ferrão que eu conheço. O Ferrão que, antes da conquista, machuca o torcedor. Só depois se abre ao encanto da glória merecidamente conquistada. Aí está o Ferroviário na Série C. E com todo o direito de pensar no título de campeão. 

Torcedores especiais 

Arimatéia Palhano está com 93 anos de idade. Tem mais idade que o Ferroviário. O Ferrão tem 90 anos de existência, fundado no dia 09 de maio de 1933. Pois o senhor Arimatéia Palhano, com seus 93 anos de idade, foi ao PV. Viu ao vivo a classificação coral. Teve medo de passar mal, quando o Maranhão fez 1 a 0. O coração dele, coração coral legítimo, foi mais forte. 

89 anos 

O advogado José Maria Rios é outro apaixonado torcedor do Ferroviário. Zé Maria está com 89 anos de idade. Também foi ao jogo do Ferrão no PV. Quase infartou. O Zé tinha uma consulta marcada com o seu cardiologista. Seria ontem, segunda-feira. Resultado: o Zé Maria cancelou sua ida ao cardiologista. Motivo simples: todos os exames e testes cardíacos ele fez ali mesmo, no PV. 

Lágrimas 

A jornalista Lyana Ribeiro não perde um jogo do Ferrão. Chegou cedo ao PV. Estava certa de que a vitória viria normalmente, já pela superioridade coral. Pouco a pouco, foi ficando apreensiva. Com o gol do Maranhão, sua pressão arterial deve ter ido para 22 por 10. Ela pensou que ia morrer, mas, ao ver o seu Ferrão classificado, desabou em lágrimas. Muitos torcedores corais também choraram. 

Peças 

O Ferroviário é assim. Prega peças incríveis. Inesquecível o que fez na Copa do Brasil de 2018. Estava perdendo do Sport na Ilha, em Recife, pelo placar de 3 a 0. Na reta final do jogo, o Ferrão fez três gols. Empatou e levou a decisão para os pênaltis. Ganhou na série de pênaltis e eliminou o Sport dentro de Recife. Ainda hoje tem torcedor do Sport babando na Ilha do Retiro. 

Grupo 

Claro que todos os elogios vão para a família coral. O grupo é vencedor. O time fez excelente campanha. Parabéns. Mas em nome de três pessoas quero render homenagens a todos os integrantes da grande conquista: o técnico Paulinho Kobayashi, o goleiro Douglas e o atacante Ciel. Nos momentos mais delicados, eles fizeram a diferença. Valeu, Ferrão.