Aqui o dia em que a bola parou

O mundo já viveu turbulências e graves crises econômicas. Em 1962, houve ameaça de guerra atômica quando Nikita Khrushchev, então todo poderoso da União Soviética, mandou instalar mísseis em Cuba. John Kennedy, presidente dos EUA, reagiu. Nikita recuou. A temida guerra não aconteceu. Nem aí, diante de tanta tensão, a bola parou. O mundo viveu a expectativa da chegada do homem à Lua em 1969. Neil Armstrong e Edwin Aldrin caminharam lá no dia 20 de julho daquele ano. A bola não parou. Outros fatos marcantes da história aconteceram. Jamais, porém, por isso a bola parou. Em 1969, aconteceu algo incrível: a bola do futebol fez parar a guerra civil na Nigéria. O Santos de Pelé, então o mais famoso jogador do mundo, fez com que o conflito fosse suspenso para que todos pudessem ver de perto o Rei do Futebol. Na minha vida profissional, de 1965 até hoje, vi muita coisa. Nem a queda do presidente do Brasil, João Goulart, em 1964, fez parar o futebol. Aí vem um vírus, de nome esquisito da moléstia, faz a bola parar. Faz parar tudo: teatro, cinema, igreja, shows, casamentos. Um espirro derruba mais do que os mísseis do Nikita. Meu Deus!

Mudança

O Cruzeiro, cheio de azares e de problemas, derrubado e pisoteado, integrante da Série B, não perdeu os encantos. Quem foi rei sempre é majestade, diz o provérbio. Consegue, mesmo com todos os percalços, fazer a cabeça de alguns técnicos. Rogério Ceni foi o primeiro envolvido pelo canto da sereia. Deu-se mal. Teve a sorte de voltar ao Fortaleza.

Mesmo rumo

Enderson Moreira, apesar da experiência negativa de Ceni, seu colega de profissão, também deixou-se envolver pelo canto da sereia. Aposta que dará a volta por cima, ou seja, conseguirá fazer o que Rogério Ceni e Adilson Batista não conseguiram. Jogo é jogo. Cartas na mesa. Em futebol tudo é possível. Enderson topou a parada. Quem sabe...

Repercussão retarda

Como o futebol, no geral, parou, certamente o trabalho de Guto Ferreira, novo técnico do Ceará, somente poderá ser avaliado quando houver a retomada dos campeonatos. Por enquanto, momento único em que nem mesmo o treinador poderá ter uma ideia exata do aproveitamento e compreensão de seu projeto por parte dos comandados.

Existe sorte e azar no futebol. O atacante Yuri César, contratado pelo Fortaleza, viveu as duas situações praticamente juntas. Sorte pelo belo começo, onde assinalou gols e ganhou as graças da torcida. Azar porque, quando ia colher as graças desse entendimento, eis que os campeonatos são paralisados. Ele, então, perde o embalo que o animava.

O meu colega de trabalho, Davi César, entregou-me uma missão complicada. Ele quer saber, na minha opinião, quais os cinco gols mais bonitos do Ceará e do Fortaleza. Como acompanho esses clubes desde 1956, sendo que profissionalmente desde 1965, fica muito difícil definir, até porque a memória embaralha. Vou fazer um esforço, mas estou achando difícil.