Não faz muito, Josué, o Soldadinho de Chumbo, esteve comigo na TV Diário. Gravamos uma matéria, onde contou que, quando jogava no Ceará, na década de 1980, teve de dar um "chega prá lá" no Zico, em pleno Maracanã. O jogo terminou empatado (2 x 2). Vi Josué nos cueiros do futebol. Também vi nascer para o futebol o ponta-direita Amilton Rocha, que na década de 1970 brilhou no Fortaleza e depois no Palmeiras. Estive com o lateral-esquerdo Branco na Seleção Brasileira em 1990 na Itália e em 1994 nos Estados Unidos. Hoje, Branco ganhou peso demais. Está um senhor que parece jamais ter chutado uma bola. Também Ronaldo Fenômeno vive em luta contra a balança. Clodoaldo, o Baixinho bom de bola, um dia desses era o ídolo, o craque. Também encerrou a carreira. Entendo a razão por que hoje em dia os jogadores querem rapidamente fazer o pé-de-meia. Tudo está voando. O futebol ganhou velocidade de Fórmula 1. Só mesmo a Covid-19 obrigou todo mundo a pisar no freio. Mas já, já, volta tudo ao normal. Aí tome correria de novo atrás do tal pé-de-meia. Num piscar de olhos, Roberto Dinamite e Zico viraram senhores bem cevados.
Hífen
Quando escrevo a palavra pé-de-meia, não penso na poupança que alguém possa fazer. Vem logo uma raiva contra os sábios que fizeram a reforma ortográfica em vigor desde o ano 2009. Já estamos em 2020 e eu não consegui entender a razão por que a palavra pé-de-meia é escrita com hífen, enquanto a palavra pé de moleque não tem hífen. Que "gênios".
Eterno
O saudoso radialista Carvalho Nogueira dizia que certos ídolos não deveriam envelhecer nem morrer. Deveriam cristalizar no auge da forma para que todas as gerações tivessem o mesmo direito de contemplá-los. E citava dois ídolos que deveriam ter permanecido assim: Pelé, Rei do Futebol, e Orlando Silva, o Cantor das Multidões. Concordo.
Transitoriedade
Confesso que assimilei bem a transitoriedade da vida. Um dia desses encontrei Orlando Facó, que vi campeão juvenil pelo Fortaleza em 1963 e campeão profissional também pelo Leão em 1965. Depois campeão pelo Ferroviário em 1968. O senhor Facó, bem conservado, já está com 75 anos de idade. E eu perto dele, já com os meus 73 anos.
A fantasia do futebol nos leva a eventos inesquecíveis: as Copas do Mundo. Elas deixam marcas indeléveis. Gente que você vê ali e que talvez nunca mais volte a ver. Alguns ainda seguram uma correspondência por algum tempo. Depois somem. É a vida.
Oswaldo Montenegro compôs a "A Lista". A música fala de amigos que você via há dez anos e depois não vê mais. Na Copa dos Estados Unidos (1994), estávamos eu, Sérgio Pinheiro, Carlos Fred, Cezar Rizzo e Djalma Chaves. Serginho, Fred e Cezar partiram. Bateu saudade.