A interiorização do futebol está comprometida

Na década de 1960, prosperou a ideia de abrir espaços para os municípios cearenses participarem efetivamente do campeonato estadual. Até 1966, apenas times da Capital participavam do certame. O primeiro município a integrar a primeira divisão (hoje Série A) foi o Guarany de Sobral em 1967. Em 1968, houve o ingresso do Quixadá. Em 1973, foi a vez de Guarani e Icasa, ambos de Juazeiro do Norte, ingressarem também na elite estadual. Em 1994, o Itapipoca. Em 1995, Limoeiro do Norte e Uruburetama. Em 1996, América de Russas, Portuguesa do Crato e Iguatu. Em 1999, Juazeiro. Em 2001, Itapajé e Boa Viagem. Em 2012, Trairiense e Crateús. Em 2013, São Benedito. Em 2019, Barbalha.  Há muito acontece a participação de times da região metropolitana, mas aí não é interior (Horizonte, Maranguape, Caucaia). Observem quantos times do interior já participaram da primeira divisão cearense. Os centros futebolísticos mais importantes, fora Fortaleza, sempre foram Sobral e Juazeiro do Norte. Mas hoje é inacreditável o que acontece rm Juazeiro. Desabaram os dois. Do Cariri, havia o Barbalha. Entretanto, a atual crise da Covid-19 praticamente o desmontou. A interiorização está comprometida. 

1915 

Havia um time chamado Maranguape que em 1915 participou do certame cearense promovido pela Liga Metropolitana. Ora, naquela época, até a estrada para Maranguape era estreitinha, acanhada, nem de longe lembrava a via larga e asfaltada de hoje. Mas os maranguapenses já estavam ligados. O Maranguape de 1915 nada tem a ver com o time Maranguape de hoje. 

Complicou 

Se tudo já estava muito difícil para a interiorização, a crise decorrente da Covid-19 sepultou os sonhos de uma retomada mais imediata. Com a reforma e modernização do Romeirão, abre-se a possibilidade de Juazeiro voltar ao patamar de antes. Entretanto, só terá valia quando o público puder voltar aos estádios. E, pelo visto, isso vai demorar muito. 

Cenário 

O momento é muito difícil para o futebol do interior. E piorou mais ainda com o crescimento da contaminação em cidade de maior porte como Sobral, Juazeiro e Iguatu. Assim, sem receita e tendo que improvisar, Guarany e Barbalha estão apelando para composições emergenciais, fato que torna quase inviável qualquer ambição de título. 

Pílulas 

O número é significativo: 17 time do interior já disputaram o Campeonato Cearense. Hoje, apenas Guarany de Sobral e Barbalha fazem parte da Série A. Houve, portanto, um esvaziamento de 15 equipes. O Cariri viu cair a dupla mais representativa: Icasa e Guarani. 

Chegar à primeira divisão cearense até que alguns chegam. Difícil no momento é a permanência, já por falta de condições financeiras. Entendo salutar a interiorização porque envolve os municípios numa atividade que projeta, promove. Mas agora está inviável.