A dura realidade que castiga o Ceará

Confira a coluna desta segunda-feira (16)

Uma sucessão de erros. Falta de percepção. Graves equívocos nas avaliações. Assim o Ceará foi perdendo forças. Caíram os treinadores. Caiu presidente. Assumiu presidente. E nada. Assim o Ceará revelou suas fragilidades, que culminaram com a desesperança de subida para a Série A. O empate com o Sampaio Corrêa foi apenas uma consequência natural de tudo o que foi dito aqui. Quando o desarranjo vem do alto comando, os reflexos em campo são percebidos logo. É notório o desencanto dos jogadores. A fase não ajuda. 

No empate com o Sampaio, um lance me chamou atenção: a bola, que ia na direção da trave do Sampaio com ampla possibilidade de ser gol, bateu na perna do atacante Nicolas e foi para fora. O próprio Nicolas, num gesto de desolação, balançou a cabeça. Ele, pouco tempo antes, havia mandado uma bola na trave. É incrível quando o azar parece de um lado só. Dá tudo errado. Ainda bem que o Vozão está afastado dez pontos da zona de rebaixamento. Os 43 pontos conquistados em 32 rodadas dão uma margem de segurança quanto à permanência na Série B. O Vozão terá ainda oito rodadas para pontuar mais. Em outras palavras: não sobe, mas também não cai.  

 

Margem 

 

Nos últimos cinco anos, somente dois clubes foram rebaixados com 43 pontos. Em 2012, o Clube do Remo do Pará caiu com 43 pontos. Em 2018, o Paysandu, também de Belém do Pará, foi rebaixado com 43 pontos. Em 2022, o CSA caiu com 42 pontos. Em 2020, o Figueirense caiu com 39 pontos. Em 2019, o Londrina caiu com 39 pontos. 

 

Planejamento 

 

À diretoria do Ceará cabe agora a responsabilidade de fazer um inventário do que ocorreu nos últimos dois anos (2022 e 2023). O que levou o time a uma situação de seguidos vexames. Examinar os conflitos de interesse. As vaidades. O desempenho do departamento de futebol. Lavar a roupa suja em casa.  

 

Equívoco recorrente 

 

A demissão de treinadores. Que coisa absurda. No dia 24 de abril de 2023, o Ceará demitiu Gustavo Morínigo. Imediatamente contratou Eduardo Barroca. No dia 28 de junho, apenas dois meses depois de contratado, Eduardo Barroca foi demitido. Um absurdo. Aí, no dia 29 de junho, Guto Ferreira foi contratado. No dia 29 de agosto, dois meses depois, Guto foi demitido. Outro absurdo. 

 

Sequência 

 

No dia 30 de agosto, o Ceará contratou Vagner Mancini. O Ceará completou cinco jogos sem vitória. A última vitória alvinegra foi no dia 06 de setembro, no PV, diante do Londrina, quando aplicou 3 x 1. Mancini completa hoje 47 dias no comando do Ceará. Passa pelas mesmas dificuldades pelas quais passaram Morínigo, Barroca e Guto. Está provado: o problema não é o treinador. 

 

Precipitações 

 

Nenhum time do mundo se sustenta, mudando de treinador a cada dois meses. Isso foi um dos maiores erros do Ceará. Uma avaliação estapafúrdia, própria de precipitações levadas pelo desespero. O dirigente não pode decidir como um torcedor. A cada três tropeços, cartão vermelho para o treinador. Nem time amador ou suburbano toma decisões assim.