A bela reação do mundo contra a discriminação

Leia a coluna do Tom Barros

O racismo deve ser combatido com veemência. Lamentavelmente, as manifestações racistas estão acontecendo pelos estádios do mundo. No Brasil também acontecem. Fanáticos grupos de torcedores insistem nos ataques aos jogadores negros. No momento, o alvo preferido é o brasileiro Vini Jr porque se destaca. Há no futebol uma “Ku  Klus Kan”, ou seja, uma organização que dispara ataques aos negros onde quer que estes se encontrem. Banir dos estádios os racistas é uma obrigação do mundo civilizado, não apenas pelo que provocam nos estádios, mas também pelo que provocam em qualquer tipo de ambiente.

O repúdio mundial e ostensivo contra o que houve no Estádio Mestalla, em Valência, é também uma esperança de que os malfeitores não passarão impunes. Como o futebol, ao longo da história, tem sido instrumento de aproximação e respeito entre os povos, não se admite a minoria se sobrepor à maioria que se posiciona contra todo tipo de discriminação. Quem ataca Vini Jr está também agredindo a memória de Pelé, Eusébio, Leônidas da Silva, Jesse Owens, Wilma Rudolph, Muhamed Ali, enfim, todos os atletas negros do passado e do presente. Tal ódio tem de ter um fim. 

A resposta 

No auge do Nazismo, aconteceu em Berlim a Olimpíada de 1936. O ditador alemão, Adolf Hitler, pregava a supremacia da raça branca, que deveria sair vitoriosa da competição. Qual não foi o espanto do mundo quando o atleta negro Jesse Owens, representante dos Estados Unidos, ganhou quatro medalhas de ouro (100 e 200 metros rasos, salto em distância e revezamento 4x100m). 

Incrível 

Jesse Owens, o grande herói da Olimpíada de 1936, representou os Estados Unidos, um país onde também, na época, havia discriminação racial. Por isso mesmo, a resposta dada por ele no Estádio Olímpico de Berlim ganhou maior repercussão. Foi em Berlim onde pela primeira vez dividiu o quarto com atletas brancos e também foi ovacionado por um estádio cheio de torcedores brancos. 

Racismo em casa 

Mesmo com quatro medalhas de ouro, Owens sentiu a discriminação em seu próprio país. O presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, sequer mandou um telegrama de felicitações. Owens foi ovacionado ao desfilar em Nova Iorque sob chuva de papel picado, mas, quando ia ser homenageado num hotel de luxo, mandaram que ele subisse pelo elevador de serviço. 

Olimpíada do México 

Em 1968, na Olimpíada do México, os atletas norte-americanos, Tommie Smith e John Carlos, quando no pódio para receberem suas premiações, ergueram os punhos cerrados em protesto contra a discriminação racial ainda existente nos Estados Unidos. O gesto repercutiu no mundo inteiro. Smith venceu os 200m rasos e John Carlos chegou em terceiro lugar. 

Discriminação religiosa 

O esporte sempre oferecerá oportunidade de confraternização entre os povos do mundo. Assim nas Olimpíadas e nas Copa do Mundo. Em 1970, na Copa do México, o atacante Petras, da Tchecoslováquia, país comunista onde não havia liberdade religiosa, fez o sinal da cruz após marcar o gol contra o Brasil. A televisão mostrou seu gesto ao mundo. Era a luta pela liberdade religiosa.