A mais confusa competição nacional

Legenda: 32 clubes ainda sonham com o título da Copa do Brasil, entre eles Ceará e Fortaleza
Foto: AFP

 Fortaleza e Guarany-S estreiam amanhã  na Copa do Brasil 2021. Dizem que é a mais democrática competição nacional. Ledo engano. Democrática se todos os times fossem iguais perante a lei; se todos os times gozassem dos mesmos direitos; se todas as etapas fossem regidas pelo mesmo modelo regulamentar. O que se vê, porém, é um festival de privilégios. Times que ficam na espreguiçadeira da CBF, exclusiva para os vindos da Libertadores e de outras competições. Isso é democracia? Aliás, nem sei como a palavra democracia veio esbarrar nessa aberração de campeonato. Entende-se por democracia a participação de todos nas decisões. No caso da CBF, a decisão é imposta goela abaixo, sem consulta aos que vão integrar a competição. Se querem dizer que é a maior competição nacional pelo número de clubes, concordo; se pela presença de todos os Estados, tudo bem. A maior, a gigante, ótimo. Democrática, jamais. Na primeira fase vem logo o absurdo de um jogo só para definir quem fica e quem sai. Tal expediente, esdrúxulo e inaceitável, só acontece neste país chamado Brasil, onde até a Constituição, não raro, é rasgada por ministros do Supremo. Aqui pode tudo. 

 

Por fase 

 

Duvido que alguém saiba de cor como é o regulamento da Copa do Brasil. Para cada fase há critérios específicos. Não é uma competição enxuta nem bem definida. É diferente do regulamento da saudosa Taça Brasil, onde não havia privilégios. Dois jogos para definir, um em cada cidade. Pronto. 

 

Injusta 

 

A Copa do Brasil deveria ter critério simplificado, com todos os clubes colocados sob o mesmo regime. Todos com os mesmos direitos e oportunidades. Uma competição para ser justa, honesta nos seus propósitos, não pode privilegiar ninguém. A Copa do Brasil privilegia. 

 

Dinheiro 

 

Para encobrir os absurdos de um regulamento que distribui regalias a uns e reduz espaços a outros, vem o aceno mágico das boas cotas. Certamente por isso não haja protesto geral contra o embaraçado disciplinamento. O dinheiro é como pirulito na boca de crianças. 

 

Nomes do rádio 

 

Ontem, lembrei Dídimo de Castro, narrador brilhante que segue vivinho da silva, atuando no rádio piauiense. Hoje lembro do comentarista Luís Cavalcante, que brilhou no rádio pernambucano por seis décadas. Era muito bom. Morreu em 2017, aos 87 anos de idade. Saudade muita.