A dura lição dada pelo Bahia

Foto: Thiago Gadelha

O Bahia mereceu o título da Copa do Nordeste. Veio mais determinado. Venceu. O Ceará, talvez de forma inconsciente, esperou o título chegar. O Bahia foi buscá-lo. Exceto nos vinte primeiros minutos, o Vozão revelou-se melhor. Depois o Bahia começou a chegar. E chegou bem pela esquerda. E chegou bem pelo meio. Richard fez duas defesas incríveis. Recado dado. E o Ceará não mais foi senhor das ações ou dono da banca. Na fase final, tomou dois gols. Conseguiu a última esperança no gol de Jael, mas perdeu o jogo. Perdeu a invencibilidade. Perdeu a confiança. Foi para os pênaltis com o sentimento desfavorável de uma derrota fora do script.

O abatimento moral decorrente do primeiro fracasso refletiu-se na insegurança nas cobranças de pênalti. Os baianos mais uma vez foram melhores. Futebol é assim mesmo. Aconteceu. Uma perda normal. Nas colunas anteriores, adverti sobre as dificuldades que poderiam ser encontradas. Já no jogo em Salvador a vitória do Ceará tinha sido injusta. No Pituaçu, o empate teria refletido a igualdade em campo. Então, a ilusória vantagem lá adquirida fez o Ceará aqui, sem perceber, querer menos. E fez o Bahia querer mais. Vitória de quem quis mais.

Diferença

No Ceará faltou garra. Numa decisão de título, quem amorna perde. Faltou mais luta. Faço uma observação simples: quem revelou mais brio, o Ceará titular contra o Bahia ou o time reserva que encarou com o Bolívar na altitude (3.700m) de La Paz? Claro que foi o time reserva. O daqui jogou como se fosse uma partida comum. Pagou caro por isso.

Sem desespero

A perda do título é para ser encarada com a normalidade que o fato requer. Há que se reconhecer humildemente que faltou algo maior ao Ceará na hora de a onça beber água. Rodriguinho, Gilberto e Thaciano e Rossi foram mais incisivos. No lado alvinegro Vina, Mendoza, Vizeu e Lima ficaram no trivial. Em decisão, o trivial não leva a lugar nenhum.

Confusão

É triste ver profissionais se agredindo, após um jogo de futebol. Verdade que havia um ranço, já pelas seguidas vitórias do Ceará. Nada, porém, justifica a falta de respeito entre os atletas. O homem racional transforma-se num bicho selvagem, disposto a esmurrar, golpear, maltratar um colega de profissão. Ridículo.

Clássico tricolor

Fortaleza e Ferroviário empataram. Tudo bem. Empate sem gols. Pelas circunstâncias, entendo o clássico ter sido disputado no Estádio Raimundão em Caucaia. Mas, no meu entendimento, clássico, pelo próprio nome, tem de ser realizado num cenário correspondente à importância dos contendores. Clássico tem de ser no Castelão. Ferrão, com mérito, segue líder.