O primeiro samba de um rapper

Conheço Marcos Omena há mais de duas décadas. Ele é popularmente conhecido pelas ruas e favelas do país como Dexter, o oitavo anjo. Dexter é oriundo de um grupo chamado Tribunal Popular, com bases na favela do Calux, em São Paulo.
 
Sua jornada de vida envolve altos e baixos, mas, como na sua música chamada “Fênix”, ele renasceu das cinzas. E o mais importante: não deixou a amargura das adversidades da sociedade e o tempo duro do cárcere endurecerem seu coração e aprisionarem a sua alma.

 
 
Esta semana acompanhei o Dexter em uma atividade em Taubaté, São Paulo. Fomos no caminho, ouvindo sua nova música chamada "Lá de onde eu venho”; é seu primeiro samba.

Conheço vários hits de sucesso do Dexter. Ele é um dos MC’s mais dinâmicos e diversificados, mas sem perder a essência, mantendo a causa na sua conduta e não deixando de transitar, nem ousar. Sim, ousar, a palavra que mais se aproxima de sua última obra e seu primeiro samba.

É difícil o cantor de um gênero musical transitar por outros gêneros que, apesar de irmãos - no caso do rap e samba -, reservam especificidades e nuances muitos particulares. Acredito que, para uma grande obra de arte ser concebida, os requisitos técnicos, artísticos e poéticos precisam caminhar lado a lado.

Eu não sou especialista em Samba, mas grandes nomes que já ouviram, como Belo, Xande de Pilares e o monstro sagrado Isabêh - só para citar alguns especialistas de grande quilate e com trajetórias incontestáveis -, não somente se encantaram com a música e sua beleza, mas reconheceram que o rapper Dexter, no seu primeiro samba, estreou bem.
 
Precisaria de outros artigos para render homenagens a todo o time que possibilitou o Dexter dar vida a essa obra. Por isso, deixo aqui um trecho da letra e indico buscar nas plataformas digitais esse hino de esperança, nesse momento tão desolador que se encontra o país. Obrigado, meu irmão, meu amigo, meu poeta. Nossos corações agradecem.

“Lá de onde eu venho a gente é pé no chão, responsa respeito e determinação Lá de onde eu venho vivo a realidade, somos o calo da sociedade A tiazinha na labuta segue na missão, é o braço forte da família e sempre traz o pão”.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.