Treze indicações e, agora, a mais importante das estatuetas: a de Melhor Filme — além de outras seis. 'Oppenheimer', dirigido e escrito por Chistopher Nolan, nunca deixou o posto de favorito ao prêmio máximo do Oscar 2024, celebrado pela Academia que distribuiu estatuetas aos melhores do último ano em uma cerimônia em Los Angeles, na noite deste domingo (10). Mas, afinal de contas, o que fez dele o mais aclamado entre os selecionados ao prêmio?
Veja o trailer:
Pouco antes de estrear nos cinemas pelo mundo, questionamentos apontavam a possibilidade de Barbie, lançado do mesmo período em 2023, eclipsar o novo trabalho de Nolan, enfraquecendo-o como obra, ainda que os dois não possuam nenhuma semelhança sequer.
A bem da verdade, seria necessário muito mais do longa de Greta Gerwig para alavancar com tanta força a temporada de premiações. No meio do caminho, surgiram obstáculos maiores, filmes aos quais eu definiria como bem melhores sob minha ótica, mas Oppenheimer fez campanha perfeita, e a estatueta de Melhor Filme já parecia ganha antes mesmo de ser entregue.
Diretor e elenco
Como a intenção do texto é buscar os motivos, cabe recordar a importância das atuações no longa e de como a direção firme, mas também dinâmica, já que não se opõe a uma vertente mais inventiva, são ingredientes únicos nessa fórmula que parece ter dado tão certo.
A escolha por Cillian Murphy, vale dizer, foi genial. Não à toa, ele também fez a própria trajetória interessante e vencedora na temporada de premiações ao longo dos últimos meses. Na pele dele, Oppenheimer vai de cientista brilhante a homem ávido por sucesso no experimento ao qual se propõe, sai de mesquinho nas próprias escolhas a indeciso sobre o futuro do que criou. Já no fim, segue do conformado e humilhado para triunfante aos que preferem lembrar do feito, e não das consequências, da obra dele.
Robert Downey Jr. também é destaque importante nessa equação exitosa. Por meio dele, temos o contraponto do longa, os bastidores sujos que envolvem qualquer jogo político e sobraram aos montes no desenvolvimento da bomba atômica. O ator faz de Lewis Strauss a segunda figura mais importante do filme com maestria, mesmo ser ter tido um concorrente no roteiro nesse sentido.
Favorito da Academia
Para ganhar o Oscar, é preciso ter os elementos que a Academia venera, claro. Assim, Oppenheimer foi, entre os demais indicados, o mais adequado, o que parece cair como uma luva para a premiação. Biografia, elenco premiado, temática de guerra. Todos nós já não vimos filmes assim levarem a estatueta para casa?
Entretanto, lembrar da estética escolhida por Nolan nesse processo também é um bom caminho para entender como chegamos a um fenômeno. O diretor escolheu filmar metade do longa em IMAX preto e branco, clama não ter utilizado CGI em nenhuma cena do filme e faz questão de ressaltar a riqueza das cenas e enquadramentos perfeitos a cada segundo de tela.
Some a isso uma trilha sonora impecável, uma construção de roteiro que suaviza as três horas de duração e a imersão em outra época que Oppenheimer foi capaz de fazer. Uma receita talvez um tanto excelente para passar despercebida entre os críticos mais tradicionais da Academia.
Se esse fosse o texto dos defeitos de Oppenheimer, me sobrariam também detalhes para abordá-los. Poderia apontar minha própria ordem dos melhores filmes lançados no último ano e explicar onde acredito que estão características melhores do que as da obra de Nolan. Entretanto, consigo facilmente ver os méritos do vencedor e cravar, sem dúvida, que o Melhor Filme do Oscar 2024 fez história no cinema.