Vôlei cearense busca acesso à elite, mas esbarra na dificuldade de profissionalismo da modalidade

Instituto Cuca ocupa, atualmente, 5ª colocação entre os 10 times que jogam a Superliga B

Viver do esporte é meta sonhada por atletas das mais diversas modalidades. A dificuldade é ter isso como profissão em um meio bastante concorrido e em que investimentos são base para essa garantia.  

Único representante do nordeste na Superliga B, segunda divisão do principal campeonato de vôlei do País, o Instituto Cuca é composto por 22 atletas que precisam de dividir entre a vida de atleta e outras profissões como gestor comercial, operador de empréstimos e auxiliar de professor esportivo, como é o caso do líbero Juninho Lima, que aos 32 anos concilia os treinos com a rotina no vôlei de praia. 

O atleta que começou desde cedo no vôlei, já jogou em São Paulo e destaca o orgulho de agora poder representar o Ceará:“Muitos atletas que assim como eu iniciaram muito cedo estão realizando um sonho de representar o nosso Estado.” 

Apesar desse contexto, a equipe vem se destacando, levando o nome do Ceará de volta ao cenário nacional, com resultados satisfatórios, já que entre os 10, o time se encontra em 5º, com boas chances de chegar às semifinais. 

A Superliga reúne o que há de melhor entre equipes e é vitrine do vôlei do País. A série B é disputada por 10 clubes, que se enfrentam em nove rodadas. Os quatro melhores jogam as semifinais e os dois vencedores desses confrontos garantem o direito de disputar a divisão de elite na próxima temporada. 

De olho na Superliga A

Pé no chão, Arthur Alysson, Técnico e Coordenador de Esportes, destaca sobre os objetivos na competição: “A nossa principal busca é pela manutenção.[...] Sair de uma Superliga C pra entrar na B é um salto gigantesco de qualidade, de exigência, de logística...E essa manutenção na Superliga B fará justamente com que nós possamos aumentar mais ainda a estrutura, dar mais robustez, para aí sim entrarmos com grandes possibilidades de alcançar a Superliga A.” 

Superliga A onde nunca um time do Ceará conseguiu estar. Pelo menos duas equipes já chegaram bem perto. Em 2010, o time da Unifor conquistou o acesso, quando ficou em 2ª lugar na Liga Nacional. Mas participar de uma competição deste porte requer apoio e investimento.

Segundo o vice-presidente da Federação Cearense de Voleibol, Caetano Rocha, um montante de cerca de R$ 10 milhões por temporada, o que dificulta um pouco da nossa realidade.  Já em 2012, a equipe da Universidade Federal do Ceará bateu na trave e ficou entre os quatro primeiros da Liga.

O gestor destaca a importância de mais investimentos para que a modalidade possa evoluir no Ceará: “Nós temos dois grandes ginásios,  isso é importante pra receber o público, que é o Paulo Sarasate e o ginásio do CFO. É um Estado que tem uma tradição enorme, tanto na praia, como na quadra, de grandes treinadores e atletas, clubes que já tiveram resultados a nível nacional. A gente precisa desse aporte, investimento de Governo. A iniciativa privada e o Governo.”

Ele conta ainda que a federação está sempre se movimentando a nível de competições estaduais, como essa relação com o vôlei nacional.

A dificuldade logística e de recursos dificulta a inserção nos circuitos adultos profissionais, mas ainda assim, Caetano conta que o Ceará vem sendo destaque na base com a foração de atletas: “No feminino, nós temos a base que é o BNB, que é referência há mais de 40 anos. [...] Grandes atletas do voleibol do Ceará, que jogaram por equipes profissionais, já tiveram nas seleções de base, como a Shelda Bedê, já passaram pelo BNB, que é um grande celeiro.”

E juventude é a base do time do Instituto Cuca, que segue trilhando o caminho na Superliga B, em busca de colocar o vôlei do Ceará em um local de destaque. A próxima partida acontece neste sábado (19), às 18h, no Cuca do José Walter, contra o time de Araguari. A equipe cearense vai em busca da 3ª  vitória. 

Viver essa experiência na 2ª divisão é destaque para o técnico: “Nós estamos fazendo e vivendo a história. [...] Nós temos condição de manter essa estrutura e de revelar talentos não apenas na nossa cidade, mas pra todo o nordeste. Estamos quebrando alguns paradigmas que faziam com que o voleibol nordestino estivesse estacionado.”