Quatro anos. Treinos. Disputas. Suor. Força. Lesões. Resistência. Superação. Pra começar, algumas palavras que marcam o ciclo de qualquer atleta em preparação para o maior evento esportivo: Jogos Olímpicos.
As Olimpíadas são sonho, objetivo desejado por muitos e alcançado por poucos premiados, que ao chegarem lá, mesmo longe do pódio, já são vitoriosos. E como todo sonho, os Jogos ultrapassam barreiras, quebram além de recordes, paradigmas.
Quantos fatos não marcaram o que parecia “apenas” uma disputa esportiva e estão na história para sempre?
Viver as Olimpíadas, mesmo que de longe, sempre foi por mim momento muito aguardado. A primeira de que tenho lembranças mais concretas é a de 1996, em Atlanta. Provavelmente aí começou uma das maiores paixões que carrego nessa vida: pelo vôlei.
Como não admirar a garra da seleção feminina em quadra e o embate histórico contra Cuba? E a disputa da final no vôlei de praia 100% brasileira, que resultou na primeira medalha de ouro para mulheres do país nos Jogos Olímpicos, com Jacqueline e Sandra vencendo Adriana e Mônica? A modalidade virou referência e o interesse e encanto pelas disputas em diversas outras categorias também ganharam força.
Depois dessa breve contextualização sobre a relação com o esporte, chegaríamos a Tóquio 2020, mas mais uma vez esporte e história andam juntos. Foi essa a primeira edição dos Jogos adiada, em outras três oportunidades: 1916, 1940, 1944, houve cancelamento por conta das Primeira e Segunda Guerras.
A menos de um ano da data prevista para o início das próximas Olimpíadas, em 23 de julho de 2021, há muitas incertezas sobre o andamento da pandemia do novo coronavírus e as condições sanitárias para a realização do evento, que reuniria, em condições normais, cerca de 11 mil atletas, de 204 países, distribuídos em 33 modalidades e uma expectativa de público em torno de 5 milhões de espectadores.
Uma das possibilidades cogitadas é a realização sem torcedores, o que tiraria parte do encanto da confraternização esportiva.
Em meio ao cenário de dúvidas, atletas de todo o mundo tiveram que readaptar o planejamento de um ciclo olímpico, agora com cinco anos.
A organização optou por manter as vagas já conquistadas e em meio a uma pandemia em diferentes fases nos diversos países, as possibilidades de treinamento se tornaram um fator a mais de disparidade na corrida olímpica. Pesquisa divulgada este mês pelo Comitê Olímpico Internacional aponta que 56% dos atletas têm dificuldades de treinar com eficiência durante a pandemia e ainda 50% alegam dificuldade em manter a motivação.
dos atletas têm dificuldades de treinar com eficiência durante a pandemia
Preparação dos atletas brasileiros será em Portugal?
Pelo Brasil, 178 atletas já estão classificados e a expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) é levar a Tóquio, entre 250 e 300 competidores. Diante do quadro avançado da pandemia por aqui, a entidade deve enviar cerca de 200 atletas (entre já classificados e com grandes possibilidades), de 15 modalidades, para treinar em Portugal, onde a Covid-19 está muito mais controlada do que no Brasil.
Os treinamentos na Europa aconteceriam até dezembro.
Para o Brasil será uma edição com chances de superar conquistas e fazer história, depois de sediar os Jogos e conquistar pelo menos três importantes marcas: quantidade de medalhas (19) e de ouros (7), além do 13º lugar na classificação geral.
O investimento público no esporte está reduzido em aproximadamente 47%, em relação às Olimpíadas do Rio, mas apesar disso, a inserção de novas modalidades, como skate e surf pode ser bastante favorável ao país.
Tóquio 2020 permanece com o mesmo nome, apesar do adiamento. E na contagem regressiva de um ano, que iniciaremos em poucos dias, seguiremos num caminho desconhecido, rumo a esses Jogos, que já são históricos, antes mesmo da tocha olímpica cumprir sua volta ao mundo.