Fortaleza recebe seletiva para mundial de breaking, modalidade será estreante nas Olimpíadas

Com raízes na periferia, a dança tem conquistado jovens em diversas partes do mundo e despertou o interesse do Comitê Olímpico Internacional

Combinação de velocidade, estilo e força. O breaking vai muito além da recente denominação de modalidade olímpica. O também reconhecido como esporte, além da dança, é tido pelos praticantes como um “life style”. Acrobacias e gingado que tomaram conta do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, neste sábado (16), em etapa qualificatória para o Mundial da modalidade. 

Pluralidade é uma boa palavra para se utilizar ao tentar descrever a seletiva. Não só pela disputa, as pessoas estavam ali pelo encontro, pela troca e confraternização com os parceiros de breaking. Além da pista principal, rodinhas de aquecimento e em outros pontos do local, os passos eram praticados por quem estava ali, principalmente, pela diversão. 

Apesar de ser um esporte para todos, como muitos praticantes gostam de destacar, o que ainda se observa é um amplo domínio masculino, tanto entre os competidores, quanto espectadores. 

Um dos principais nomes do País, no feminino, a cearense Carolaine Navarro, mais conhecida como b-girl Karolzinha, tem se destacado e levado o Estado a grandes patamares. Aos 25 anos, ela sonha com uma vaga nas Olimpíadas. 

Em entrevista à coluna, contou sobre as dificuldades no início, aos 14 anos e a disputa por espaço, além do que pode ser feito para que mais mulheres se interessem pela modalidade:

“Eu acredito que também é obrigação da gente passar isso pras novas gerações. Agora, como o breaking tá tendo mais visibilidade, vai atrair mais mulheres, assim como em outros esportes.” 

Karolzinha explica que os movimentos nas apresentações são muito semelhantes para mulheres e homens e dá dicas para quem quer dar os primeiros passos no breaking.

Confira no vídeo abaixo: 

B-boy Till é outro dos cearenses de destaque, que já levou a representatividade local para fora do País. Ela conta que o acesso ao breaking foi a partir do contato com a capoeira, que o levou ao street dance, para então chegar à modalidade, que vem sendo seu foco desde 2009. Do início na periferia à disputa com os melhores do mundo, ele conta reforça que a luta pelo reconhecimento é até hoje:

“A gente é muito discriminado, tem preconceito por ser de uma coisa urbana, de rua. Então, é muito difícil, mas como eu nunca desisti. Consegui  manter o foco e a constância. Eu tive essa visibilidade maior quando eu ganhei a competição de 2019, aqui a regional, lá em São Paulo, a nacional e fui pra Mumbai na Índia.” 

Till destaca a importância do breaking como alternativa nas periferias e conta que a dança o salvou. A definição como olímpico veio para agregar sem perder o conceito de arte.

O cearense chegou até a semifinal da seletiva na capital cearense. No feminino b-girl Pekena venceu Karolzinha. No masculino, b-boy Flyjan superou Flash e ficou com o ouro. Os quatro vão à final nacional que acontece em São Paulo, no próximo dia 31. O encontro entre os melhores do mundo será na final em Nova Iorque, no dia 12 de novembro. 

Conhecido pelo improviso, o breaking é uma verdadeira caixinha de surpresas. O b-boy ou b-girl entra na pista sem saber a música da apresentação, que deve durar de 30 segundos a um minuto. 

Nos Jogos de Paris, em 2024, a competição terá 16 atletas em cada naipe, que se enfrentarão em batalhas individuais. O intuito do Comitê Olímpico Internacional ao inserir o breaking no programa olímpico foi de angariar jovens, papel que skate e surfe tiveram na edição de Tóquio 2020. 

Os  jurados escolhem o vencedor de cada batalha por uma decisão conjunta. A seletiva de Fortaleza contou com nomes de peso da modalidade no júri: Aranha, Thaisinha e Pelezinho . Este último, ícone da modalidade ressaltou o  momento é de ascensão:

“A tendência é crescer cada vez mais. Tem pessoas que estão entendendo o que a gente faz [...] O breaking é único, atrai jovens do mundo todo.[...] A gente tem uma galera de nível mundial. "

Da periferia de Nova Iorque ao principal encontro esportivo do mundo, o breaking veio pra ficar. Arte, esporte, não há limitação para algo que transcende liberdade. Modalidade do improviso, da alegria e da confraternização. Em um ambiente de disputa, são adversários e colegas, que juntos promovem o espetáculo.