Palco formador de grandes atletas, Fortaleza é visada também como cidade turística para atletas de alto rendimento que estão em busca de tão merecidos dias de descanso. Na última semana, a capital recebeu Caio Souza, que pode ser considerado o ginasta brasileiro mais completo da atualidade. O acolhimento de terras cearenses é referência inesquecível para o atleta que vem de um ritmo intenso de competições neste semestre. Só para destacar temos: Olimpíadas, Campeonato Brasileiro e Mundial. Já de olho nas próximas Olimpíadas, em Paris- 2024, Caio aproveitou a estadia no Ceará e falou para a coluna sobre seus planos, além de analisar os últimos resultados.
Estar em uma Olimpíada é sonho de qualquer atleta e para Caio não foi diferente. Pela primeira vez nos Jogos, ele não só participou, como chegou à duas finais, no individual geral, onde ficou em 17º, e no salto, terminando na 8ª colocação.
Foi uma experiência inimaginável, um sonho de criança, é o sonho de qualquer atleta, foi muito gratificante. A medalha não veio, mas só de estar nos jogos, já foi uma grande vitória.
No Campeonato Brasileiro, realizado em outubro, Caio colecionou conquistas. O título veio no individual geral e por equipes. Em outras seis finais, ficou com o ouro no salto, nas argolas, no solo, nas paralelas e a prata na barra fixa.
No Campeonato Mundial, também em outubro, Caio chegou muito perto do pódio, na final do individual geral. Ele esteve entre os três primeiros até o último aparelho, mas acabou caindo no cavalo com alças e terminou da 13ª posição. Sobre o desempenho, o atleta reconhece que pode melhorar: “Foi bem realizador saber que eu posso. Faltando um aparelho, eu tava em 3º lugar e aquilo ali me mostrou muita coisa, que eu posso estar entre os melhores do mundo. Agora é voltar e melhorar onde eu tenho os maiores déficits, que é no cavalo, inclusive.”
E pensar que Caio poderia ter seguido por outra modalidade. Iniciado no esporte desde cedo, aos três anos ele acompanhava o irmão no caratê, mas por conta da baixa estatura, acabou não seguindo (hoje ele tem 1,64 m). Ele destaca que sempre foi muito “arteiro”, gostava de se pendurar, subir em estruturas, foi então que surgiu a possibilidade da ginástica artística.
Modalidade majoritariamente individual, a Ginástica Artística tem apenas uma disputa por equipes, mas a parceria e referência entre os atletas é fundamental para inspirar e fortalecer. Caio conta que teve a oportunidade de treinar com ídolos como Diego e Daniele Hypólito, Jade Barbosa, Arthur Zanetti, Arthur Nory e nossa mais recente estrela do esporte, Rebeca Andrade.
Como não poderia deixar de ser, o atleta, assim como todo o mundo, teve que passar por adaptações por conta da pandemia. Ele conta que foram cerca de quatro meses em casa, sem nem ao menos pisar no ginásio. Mas contou com uma rede de suporte da Confederação Brasileira de Ginástica para manter o foco mesmo em casa, no início, apenas uma hora de treinamento que com o passar do tempo chegou a cinco, garantido assim a boa forma dos atletas.
Com o ciclo olímpico mais curto, de apenas três anos, Caio conta que a meta de estar na sua segunda Olimpíada, em Paris-2024, já vem sendo a prioridade logo após o fim de Tóquio 2020.
O resultado no mundial mostra que ele pode chegar ainda mais longe e quem sabe repetir o feito histórico do Pan 2019, quando conquistou o título no individual geral.