Referência nos bloqueios, seja na seleção ou em clubes, Carol, do alto de seu 1.83 m, chama atenção pela eficácia em um fundamento que requer alcance. Com premiações individuais por onde passa, isso se torna um diferencial, porque outras jogadoras que conquistam o mesmo destaque, geralmente, são mais altas ainda, como é o caso da central da Sérvia Jovana Stevanovic, de 1.92 m, que também integrou a seleção das melhoras da última edição da VNL.
Em entrevista à coluna, Carol falou sobre o que faz para garantir tanta eficiência, os planos com a seleção e o futuro dessa posição, que revelou grandes nomes do vôlei brasileiro.
“Sobre a altura, eu sempre digo que desde que passei a me cuidar mais, que me tornei vegana, meu corpo passou a responder de uma forma muito melhor e eu consegui performar mais. Me sinto mais leve para deslocar e bloquear, sinto menos dores, meu tempo de recuperação é menor, então é uma soma de fatores.”
A central de 31 anos está com o grupo do Brasil, que se prepara para o maior desafio do ano: o Mundial que será realizado entre 23 de setembro e 15 de outubro na Holanda e na Polônia. Entre as convocadas, a grande novidade é o retorno da veterana Carol Gattaz que, aos 41 anos, vive uma fase de pleno vigor e deve ser a titular, ao lado da xará, nos principais jogos da competição.
A surpresa ficou por conta do pedido de Ana Cristina. Aos 18 anos, a caçula do grupo alegou motivos pessoais para não participar da preparação para o Mundial. As mulheres do Brasil estão no grupo D, com China, Japão, Colômbia, Argentina e República Tcheca.
Carol acredita que o grupo ainda tem a melhorar em todos os fundamentos, mas ressalta a coesão do time para o alcance dos objetivos:
“Sempre podemos melhorar em tudo. O Zé sempre nos cobra muito, o que é ótimo para o nosso crescimento. Então eu acho que sempre podemos melhorar em todos os fundamentos. Sabemos que serão semanas intensas agora, mas vamos trabalhar para refinar tudo que pudermos dentro e fora de quadra.”
Como uma das mais experientes da seleção, Carol assumiu um papel de liderança naturalmente. A mais nova do grupo, agora, é, justamente, outra central, Julia Kudiess, que aos 19 anos dividiu a responsabilidade pelo meio de rede do Brasil, em momentos decisivos da VNL.
“Eu acho que foi uma coisa natural. Por eu já ser um pouco mais velha, a gente já tem um pouquinho mais de experiência, então acabamos cumprindo um pouco esse papel. Mas é uma troca muito grande. Está sendo feito um grande trabalho, é um grupo que gosta muito de trabalhar, conseguimos esse entrosamento rápido, e estamos evoluindo como time.”
No masculino, seleção tenta chegar à sexta final consecutiva
O Brasil disputa na primeira fase com Japão, Cuba e Catar. A seleção vem enfrentando dificuldades desde os Jogos de Tóquio, no ano passado, quando não chegou nem ao pódio. Na primeira competição deste ano, a Liga das Nações, a equipe sofreu outra baixa, ao parar ainda nas quartas de final.
O histórico do Brasil nos últimos Mundiais é de bons resultados com três títulos consecutivos (2002, 2006, 2010) e duas pratas ( 2014 e 2018). Nesses 20 anos, muito mudou. Outras seleções se fortaleceram e a brasileira tem encontrado oponentes mais do que à altura nas últimas disputas, como França, Polônia e Estados Unidos.
O Mundial, que acontece entre 26 de agosto e 11 de setembro, na Polônia e na Eslovênia, pode ser um divisor de águas para a seleção masculina. Alvo de críticas, por conta dos últimos resultados, caso este seja mais uma vez adverso, a pressão pode atingir outros patamares para o grupo.
A base vai ser basicamente a mesma que vinha jogando a VNL, mas com o retorno do oposto Wallace, que deve trazer mais segurança para a bola do Brasil na saída de rede. E pode ser um diferencial na liderança do grupo.
Quem se acostumou às gerações vitoriosas e de amplo domínio brasileiro, não reconhece o que vem acontecendo. Mas a torcida, além dos resultados, é por ações efetivas, que possam levar a seleção de volta ao patamar que merece.