O que representa um ano para você? Como qualquer medição do tempo, esse período é relativo. Mas para um atleta, em busca do maior desafio da carreira, são os 365 dias mais importantes da vida. Daqui a exatamente um ano, em 23 de julho de 2021, deve ser realizada a abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Buscando viabilizar alternativas para treinamentos, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) reabriu, nesta semana, o Centro de Treinamento Time Brasil, no Rio de Janeiro. As atividades estão voltando de maneira gradual, seguindo protocolos de segurança para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Por dia, podem passar pelo local, 40 pessoas, entre atletas e treinadores, quantidade cinco vezes menor do que antes da pandemia, quando podiam 200. Inicialmente, estão em funcionamento as piscinas olímpica e de saltos do Parque Aquático Maria Lenk e ainda, a sala de força e condicionamento e o laboratório olímpico.
Em meio a esse cenário de dúvidas, muitos atletas brasileiros enfrentam dificuldades para manter a rotina intensa de preparação. Com o país ainda em estágio crítico da pandemia, é complicado treinar em espaços antes diariamente utilizados, como academias, piscinas, quadras e tatames, por exemplo, daí a importância de contar com o CT, que fica na Barra da Tijuca.
Quem está tendo a oportunidade de treinar no local, é a maratonista aquática, Ana Marcela Cunha. Ela está em busca de mais uma participação olímpica e teve que adaptar a preparação por conta da pandemia. Voltar à piscina que marcou vários momentos históricos do esporte brasileiro, como as Olimpíadas de 2016 e os Jogos Pan-Americanos de 2007 é motivo de orgulho para a atleta.
"Esse momento de poder estar voltando para cá e ter toda essa estrutura, é muito importante para a gente, […] pro resultado final de um atleta, ter uma rotina, e acho que tendo isso de volta, vai nos trazer ainda mais felicidade.”
De acordo com o diretor de esportes do COB, Jorge Bichara, essa é a fase dois, do protocolo de retomada das atividades no CT. Anteriormente, foram realizadas ações de planejamento, testes operacionais, além dos testes para identificação de Covid-19 nos profissionais. Estão previstas cinco etapas, segundo o procedimento do Comitê. Jorge destaca o simbolismo dessa reabertura justamente na semana em que iniciariam as Olimpíadas em Tóquio e reforça a intenção em tornar esse momento especial para os atletas. "Vamos trabalhar com planejamentos um pouco mais curtos, no sentido de que consigamos oferecer confiança para esses profissionais [...]. Você precisa reconstruir um processo de preparação física, técnica, mas principalmente emocional."
Missão Europa
Outra alternativa viabilizada pelo COB para garantir os treinamentos de atletas brasileiros com potencial olímpico é a Missão Europa. As atividades para cerca de 70 competidores de seis modalidades (boxe, ginástica artística, ginástica rítmica, judô, nado artístico e natação) tiveram início essa semana, em terras lusitanas. Seguindo todos os protocolos de segurança para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, é intenção possibilitar a preparação mais uniforme do Time Brasil, já que por conta da pandemia, cada atleta apresentou uma rotina de preparação diferente, a depender do local onde estava passando a quarentena. O cronograma da Missão segue até dezembro e, aproximadamente, 200 atletas devem participar da experiência.
Olimpíadas Adiadas
A programação das disputas está prevista para começar dois dias antes da cerimônia de abertura, com o torneio de softbol feminino, no dia 21 de julho, em Fukushima.
Adiada por conta da pandemia do novo coronavírus, essa edição ainda é marcada pelas incertezas, tanto em relação à grandiosidade, quanto sobre a própria realização, que a priori deveria reunir 11 mil atletas, de 204 países e 33 modalidades, além de 5 milhões de espectadores. A incredulidade parte dos próprios japoneses. Pesquisa realizada pela agência Kyodo, uma das mais tradicionais do Japão, aponta que apenas 23,9% da população do país acredita na realização das Olimpíadas no período previsto (23/07 a 08/08/21).
A certeza sobre a realização dos jogos, não é possível ter no momento, só o desenvolvimento do controle da pandemia tornará essa resposta mais concreta. Mas enquanto isso, os atletas brasileiros seguem buscando maneiras para chegar em alto nível à competição e trazer medalhas para o país.