Nonato Luiz relança álbum que homenageia Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira

Com nome de “Baião Erudito”, o trabalho fonográfico pode ser encontrado nas plataformas digitais e mostra a genialidade deste cearense que é um dos maiores músicos do país

A mesclagem de sons brasileiros formou vários ritmos que chamamos de “nossos”. A Bossa Nova, por exemplo, é um dos gêneros musicais mais tocados no mundo e segue agradando os mais diversos públicos. 

Assisti uma entrevista do compositor João Donato falando que mesmo sendo vistas como sambas, as bossas nada mais são que “baiões modernos”. A ideia, além de ser genial, caminha mostrando o quão o país segue na pluralidade nas suas origens e também na construção de sua própria identidade

Esse predicativo também leva em conta os artistas brasileiro, que transformam o popular em sofisticado. Dentre os nomes que podemos reverenciar no nosso cenário musical, temos a obrigação de destacar um dos nossos mais brilhantes instrumentistas. Estou falando do genial Nonato Luiz que fez do violão uma obra de arte. O músico consegue ser intérprete sem perder o lado compositor, palmilhando esse mundo com sua música.

Agora nas plataformas digitais, o querido Nonato relança um de seus álbuns primorosos chamado Baião Erudito (2004) no qual o músico homenageia dois dos principais ícones da canção nordestina: Luiz Gonzaga e seu parceiro Humberto Teixeira.

O trabalho fonográfico representado pelo Selo Estelita, antes mesmo de ser ouvido, já chama atenção por sua capa. Os homenageados são retratados em uma linda xilogravura produzida por João Pedro, o que comove logo de cara o público. 

Trazer esse CD para o mundo virtual se tornou necessário diante da relevância de Nonato Luiz como modelo para os músicos mais jovens de todo Brasil.

Do Ceará para o Mundo

Vindo da terra dos poetas, a conhecida Lavras da Mangabeira, Nonato Luiz começou a tocar violão com quatro anos de idade, desde então a música não saiu da sua vida. Aos quinze já fazia parte da Orquestra Sinfônica de Fortaleza e alguns tempo depois estreou em cenário nacional nos festivais de violão da TV Tupi.

A consolidação de sua carreira viria em 1980 com a gravação de seu primeiro disco, o álbum “Terra” (CBS). Neste trabalho o artista já emplacou então sua marca, de adaptar as músicas para o próprio estilo (magnífico, por sinal) de tocar violão.

“Deus deu o dom e vamos fazendo a nossa parte. Eu sempre estudei muito e vou fazendo (das músicas dos colegas) um pouco minhas. Agora é preciso ter coragem”, confidenciou Nonato em agradável conversa por telefone já que, devido a Covid-19, esta foi a única forma possível do nosso encontro.

Voltando ao Baião Erudito, o relançamento em 2021 não foi atoa. Uma das treze faixas do CD tem a participação especial do eterno Dominguinhos, que se vivo fosse teria feito 80 anos no último fevereiro. A belíssima interpretação de “Baião de Dois” é um reflexo da amizade entre o também pernambucano instrumentista e nosso violonista cearense.

“Luiz Gonzaga é sempre presente. Já tinha gravado outro disco em sua homenagem, mas era com orquestra. Esse, que também homenageia Humberto Teixeira, eu adaptei mesmo ao meu estilo e como parceria tive a honra de receber Dominguinhos nessa faixa que também é single”, comentou o músico.

O violão não pode parar

Nonato Luiz já representou o Ceará por todos continentes. Desde a Austrália até a África do Sul, ele se consagra como um desses mestres da música brasileira que constituem uma figura de batalha diante a desvalorização da arte. O instrumentista é resistência e seu violão jamais irá se calar.

O compositor confidenciou que tem três álbuns de músicas autorais prontos, só esperando lançamento (e me prometeu que será em breve). São peças inéditas que deverão encher os olhos da mesma emoção no qual foram feitas. Além disso, o cearense também continua expondo seus trabalhos em suas redes sociais.

Nonato Luiz não para e isso é música para nossos ouvidos. “Baião Erudito”, agora nas plataformas digitais, se junta a outros álbuns do artista como os irretocáveis “Violão em Serenata”, “Retrato do Brasil” e o “The Beatles”

Artistas como ele mostram ao público que a música faz renascer, traz jovialidade, alça vôos no tempo e desafia até o virus

Termino esse texto com entusiasmo de anunciar o brilhantismo de um dos nossos principais músicos dentro do cancioneiro popular. Sua poesia não se reproduz em linhas, mas no dedilhado perfeito das cordas de um violão. Genialidade, talento, simplicidade e coragem tem nome e é composto: Nonato Luiz !