O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Evandro Leitão, antecipou os movimentos de saída do PDT, processo tumultuado e ainda em andamento, para se filiar ao PT, do governador Elmano de Freitas e do ministro da Educação Camilo Santana. Isso só não vai acontecer, caso apareça um fato superveniente que ocasione uma mudança de planos.
Na última semana, Evandro surpreendeu a uma parte dos parlamentares e do mundo político cearense ao informar, na tribuna da Assembleia, que estava se desfiliando do PDT. A surpresa foi, entretanto, apenas para quem não acompanhou de perto os últimos movimentos internos dentro do PDT.
Ainda em julho, no auge da última crise interna no partido, que culminou em um acordo para que o senador Cid Gomes assumisse o comando estadual da legenda, um grupo de deputados pedetistas, liderados pelo presidente Evandro Leitão, demonstraram insatisfação com o acordo entre Cid e André Figueiredo.
Um dos pontos cogitados na reunião foi exatamente uma carta de anuência do diretório estadual para que o presidente da Assembleia pudesse desfiliar-se sem o risco de ter o mandato questionado na Justiça.
Ainda há, nos cálculos de fontes desta coluna, algum risco, mesmo pequeno, ao mandato do parlamentar. Por isso, ele entrou com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) para tratar sobre a justificativa de sua desfiliação.
Pois bem. Mas por que Evandro Leitão antecipou tanto a tratativa para deixar o PDT se, em tese, ainda tinha até março do próximo ano para fazer isso?
Esse passo também foi calculado pelas lideranças do grupo governista estadual. Elmano e Camilo resolveram antecipar esse movimento para que Evandro se filie o mais rápido possível ao PT. A estratégia é fazer com que o presidente da Assembleia participe de todas as etapas pré-eleitorais do petismo para não chegar ao ano eleitoral sem ter se agregado aos novos correligionários.
O PT, temos analisado isso, é um partido diferente dos demais na conjuntura brasileira. Não tem um “dono”. Os caciques partidários lideram, mas o debate de ideias e as decisões são tomadas no voto. Vence a tese que tiver mais adesão.
Camilo Santana, por sinal, conhece bem a natureza petista. Quando governador, Camilo nunca conseguiu a adesão formal do PT aos candidatos do PDT, antes do rompimento. Em 2016 e 2020, o chefe do Executivo teve que, formalmente, se afastar da campanha eleitoral no primeiro turno.
Camilo e Elmano estão conscientes que para que Evandro seja candidato pelo PT precisarão costurar acordos com as demais tendências e, até mesmo, envolver lideranças nacionais nas articulações.
É bom lembrar que, do outro lado dessa moeda, há o rosto da deputada federal Luizianne Lins, ex-prefeita da Capital. Ela ainda mantém uma liderança no partido em nível municipal.