Após sucessivos desgastes, Paulo Guedes perde estatura no governo

São muitos os elementos de desgaste do ministro da Economia, Paulo Guedes, no cenário nacional. Uma das principais caixas de ressonância do País, o Congresso Nacional é, geralmente, o primeiro a compreender a conjuntura. Parlamentares da bancada cearense, mesmo alguns até mais simpáticos ao governo federal, admitem o desgaste do ministro, que parece ter perdido o controle da situação.

Até mesmo no setor produtivo, campo em que foi fiador de uma candidatura de Bolsonaro à Presidência em 2018, Guedes perdeu apoio. Com um programa de privatizações e reformas que se arrastam, o economista tem assistido a índices galopantes de inflação, a alta dos combustíveis e duas sombras que rondam o País: o recrudescimento da situação política e a crise energética. 

PIB fraco  

A quarta-feira, 1º de setembro, não foi um dia a ser considerado bom para o ministro e, por consequência para a política econômica do governo que tem se mostrado, até agora, incapaz de apresentar soluções concretas para a crise.

O resultado do PIB do segundo trimestre (- 0,2%), praticamente estável, ficou abaixo das expectativas do governo e do mercado, comprometendo a possibilidade de retomada econômica.  

Derrota no Senado  

Além disso, o governo sofreu um revés no Senado na votação da MP da minirreforma trabalhista. Por 47 a 27, os senadores rejeitaram o projeto aprovado na Câmara que modificava regras da CLT e também incluía o benefício de redução de jornada dada aos trabalhadores da iniciativa privada, uma derrota para Paulo Guedes. Este era um instrumento com o qual o governo contava para o ano eleitoral. 

Apague a luz 

A crise energética que se instala no País é outra péssima notícia para Paulo Guedes. Especialistas no assunto têm considerado que, se persistir o panorama atual, o País não terá energia para um possível crescimento econômico que, convenhamos, parece que vai ficar mesmo na miragem.

E, como nas demais áreas, não há sinais de que o governo apresentará boas e eficazes ideias para o enfrentamento de mais uma crise nacional. 

Reduziu a estatura 

Antes tratado como “Posto Ipiranga” e alçado ao imaginário cargo de “superministro”, Guedes reduziu significativamente sua estatura na esfera política e também aos olhos do mercado. É bom lembrar que o desgaste não começou agora, mas ainda em 2019, quando o ministro deus os primeiros sinais de que não entregaria a agenda liberal que prometera.

A gota d’água para o descrédito no alto escalão do setor produtivo nacional foi a defesa de Guedes uma Proposta de Emenda à Constituição para parcelar precatórios em 10 anos. Isso, em troca da aprovação de um novo e turbinado programa Bolsa Família. Como Guedes se mantém no governo?