Após campanha sem propostas, presidente eleito e sociedade estarão diante de desafio gigante

O Brasil precisa de paz e de um projeto que pense o País a médio e longo prazos. Será preciso descer do palanque e trabalhar duro

Os mais de 150 milhões de eleitores brasileiros vão às urnas neste domingo (30) escolher o presidente para os próximos quatro anos. Na verdade, a escolha do eleitor é muito maior do que isso. E o escolhido, eleito pela vontade popular, independente de quem seja, terá um desafio gigante pela frente. 

Não se trata apenas da gestão da máquina pública federal em meio à diversas crises que já estão em andamento e da relação entre os poderes da República, em frangalhos. Terá o novo presidente o desafio de reunificar um País dividido pela polarização entre Lula e Bolsonaro.  

Será imperioso, os dois candidatos – o eleito e o derrotado – descerem do palanque imediatamente em nome da construção de um novo momento nacional. Um liderando o governo e o outro, a oposição. 

O Brasil está a exigir paz. E, mais do que isso, precisa, fundamentalmente, de um grande acordo nacional – verdadeiro – em nome de uma governança republicada e de um projeto de futuro que pense este País a médio e longo prazos. Com compromissos e metas claras, para que possamos dar às novas gerações sinalizações concretas de que pretendemos ser grandes, em respeito ao nosso povo e às dimensões continentais. 

Campanha eleitoral de baixo nível

À propósito disso, se esperava que, na campanha eleitoral, tivéssemos direções claras das candidaturas sobre para onde querem levar o Brasil. Lamentavelmente, nem Lula e nem Bolsonaro deram diretrizes do que pretendem fazer caso eleitos. O que disseram foi muito pouco. 

Em resumo, uma campanha eleitoral baseada em factoides, notícias falsas ou tendenciosas, em que a desinformação ocupou todo o espaço que deveria ser do debate programático. Aliás, o Brasil parece caminhar, a cada eleição, a um patamar ainda mais baixo. 

O debate promovido pela TV Globo na última sexta-feira (28) mostrou uma troca de acusações que mais parecia uma competição para ver quem chamava mais o outro de mentiroso. Em alguns momentos, deu tristeza de ver aquilo. 

O papel fundamental da sociedade

Entretanto, é ilusão achar que as coisas vão mudar da noite para o dia na política nacional. Por isso, o desafio não é só do eleito. É também da sociedade. É preciso discutirmos com seriedade uma reforma política que reestruture a representação popular e os partidos políticos. 

Houve abusos gritantes no uso do fundo eleitoral por diversas legendas. Anotem: veremos diversas ações judiciais para tratar disso nos próximos meses.  

É preciso, ao Brasil, amadurecer como democracia. Virar a página de arroubos autoritários e focar em como fazer desta nação um local melhor para se viver e para proteger o trabalho, a livre iniciativa e as novas gerações. Essa responsabilidade há de ser compartilhada entre o presidente eleito, o Congresso Nacional e a sociedade.