A deputada federal Luizianne Lins (PT) se moveu de maneira eficiente dentro do tabuleiro de xadrez da eleição de 2024 em Fortaleza. Ela aproveitou dias de movimentos importantes para Evandro Leitão, que parece ser seu maior concorrente no campo petista, e puxou para si uma parte dos holofotes. O anúncio colocou “um bode na sala” para o ministro Camilo Santana e o governador Elmano de Freitas.
A parlamentar tem uma trajetória política marcada por tomadas de decisões tão arriscadas quanto difíceis. Foi assim que, em 2004, mesmo com um compromisso do então presidente Lula e do PT nacional de apoiar Inácio Arruda (PCdoB), ela apresentou candidatura e o PT local acabou validando seu nome, mesmo tendo contra a articulação do então ministro José Dirceu. Deu certo.
Depois, em uma insurgência por discordância do então governador Cid Gomes em relação ao nome a ser indicado para sua sucessão, ela resolveu romper a aliança com o governo do Estado e indicou Elmano de Freitas para disputar a Prefeitura de Fortaleza. Deu errado.
Claro que os tempos mudaram. Há novas circunstâncias. Entretanto, recomenda-se não subestimar políticos que tomam esse tipo de decisão. Luizianne tem liderança interna no PT de Fortaleza. Foi prefeita por duas vezes e tem repetido boas votações para deputada na Capital.
Nos bastidores, está evidente que Camilo e Elmano – as duas principais lideranças petistas no Ceará - trabalham para que o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, seja o candidato do arco de aliança governista. Entretanto, a própria condição partidária de Leitão, ainda filiado ao PDT, exige perícia e gera mais interrogações.
Há algumas semanas, circularam rumores sobre possíveis conversas entre o governador e a deputada. Esse encontro, entretanto, não aconteceu. Luizianne lançou sua pré-candidatura sem conversar com o governador e com o ministro.
A deputada federal, ao lançar seu nome como pré-candidata, sinaliza que está mesmo no debate da sucessão e joga pesado: “Em 2016, estávamos em uma das maiores crises que o partido teve. Eu fui candidata para cumprir missão. Em 2020, o Lula pediu para que eu fosse candidata. Agora, com Lula eleito e o Elmano governador, é natural que eu seja pré-candidata”.
A tese, em perspectiva, defendida pelo ministro e pelo governador tem grande chance de ser aceita, mas Luizianne terá um papel relevante no jogo sucessório.