Dia 01 de maio foi comemorado o Dia do Trabalhador, feriado nacional que celebra a conquista de direitos trabalhistas, como a carga horária de oito horas diárias de trabalho.
Essa conquista veio em 1886. Era a segunda fase da Revolução Industrial e, nessa época, foram criadas tecnologias das quais usufruímos até hoje.
A moda das oito horas diárias só pegou mesmo, aqui no Brasil, lá pro final do século XIX, mas desde 1886 já se passaram 138 anos e olha o tanto que a gente perde todos os dias.
Pessoas gordas, então, nem se fala. Olha para o mercado de trabalho, para os seus colegas, para os grandes cargos... quantas pessoas gordas ocupam esses espaços? Quantos CEOs, supervisores, gestores e cargos sêniors são encabeçados por pessoas gordas?
O trabalho e o sucesso oriundo dele não combina com um corpo maior. Essas pessoas são preguiçosas, improdutivas, incapazes.
Segundo o Atlas da Obesidade, produzido pela Federação Mundial de Obesidade (WOF), até 2035 o Brasil deve crescer em torno de 20%. São mais de 120 milhões de pessoas acima do peso (sic), até 2035. É uma quantidade de pessoas muito expressiva, não é?
A gente pode deixar as questões sociais e raciais para uma outra conversa, mas um outro dado importante é que 65% de presidentes e diretores de empresa possuem alguma restrição na hora de contratar uma pessoa gorda, de acordo com o Grupo Catho. Segundo a pesquisadora Adriana Dutra, da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP), mulheres gordas ganham de 3,9 a 9,1% menos que mulheres magras que desempenham a mesma função.
Tem uma série, chamada "Shrill", que a protagonista se depara com as várias questões que isso traz: o que uma pessoa gorda traz para a imagem da empresa? Será que essa pessoa vai se dedicar o suficiente? Será se ela vai ser produtiva?
O que leva alguém se debruçar sobre essas questões? A relação entre peso e sucesso é muito dura, porque a imagem do sucesso é magra (e branca). Como alguém que não consegue nem emagrecer pode ser bem-sucedida em qualquer coisa?
Como, eu não sei, mas te digo que questionamentos assim são a base de um preconceito chamado: gordofobia.
Não contratar pessoas gordas é gordofobia. Não considerar que essas pessoas são capazes de fazer um bom trabalho, também é gordofobia. Atrapalhar o crescimento de um trabalhador dentro da empresa apenas pelo peso dele, também é.
O peso de alguém não determina nem a produtividade e nem a capacidade intelectual dela. Pode não ser óbvio pra você mas, para mim, é.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.