Busque sua melhor versão. Acredite na sua melhor versão. De alguma forma, a nossa “melhor” versão se tornou o objetivo máximo da vida de uma mulher e o “melhor” aqui não é usado no intuito de se procurar a evolução emocional, espiritual ou profissional: ela é apenas estética.
Melhor significa mais magra, mais jovem, mais gostosa, mais branca, mais interessante, mais agradável para as papilas do patriarcado. O filme conta a história de Elisabeth Sparkle, atriz e apresentadora de televisão demitida da emissora que trabalha. A sua idade, 50 anos de vida e de muita experiência na indústria do entretenimento, já representava um problema para os homens que investem e administram o canal de TV. Eles precisam de alguém mais jovem, mais bonita e mais influenciável para ocupar seu lugar.
O decorrer da história não contarei porque acho que é o tipo de filme que você deve ir lá tirar suas próprias conclusões. Mas a narrativa é feminista, apesar dos vários nus, não existe sexualização desses corpos; apenas a decadência deles.
É aterrorizante e cômico na mesma medida, mas vale um sinal vermelho para as mulheres que forem assistir: é possível se enxergar em cada um dos movimentos da personagem principal, interpretada por Demi Moore.
A trama se propõe a questionar tudo que sabemos sobre autoaceitação, autoestima e etarismo. Ela é uma hipérbole dos procedimentos estéticos, dos julgamentos e dos pequenos passos que damos todos os dias em busca dessa “melhor versão”.
Com o uso das cores, dos sons e da própria arquitetura, o filme nos causa esse incômodo que vivemos diariamente por conta dessa engrenagem barulhenta e aniquiladora que são os padrões de beleza.
A escolha da atriz para viver Elisabeth Sparkle também não foi à toa. Demi Moore foi um ícone de beleza e sensualidade nos anos 1980 e 1990, mas com o passar da idade foi perdendo espaço e recorrendo a muitas cirurgias plásticas para se manter bonita como antes.
Atualmente, a atriz tem 61 anos e volta às telonas para interpretar um personagem que sofre com os mesmos algozes que causaram tanta insegurança nela.
O filme não faz apenas uma crítica ou sátira, ele nos indica um caminho difícil, mas importante e nos faz questionar: até que ponto o “melhor” é realmente o “melhor” para nós?
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora