Na sua última reunião deste ano, realizada na quarta-feira, 13, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou a expectativa do mercado de continuação da queda da Selic e deixou uma perspectiva positiva para 2024.
A nova taxa de juros fecha o ano em 11,75%, mantendo o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em agosto, muito devido à queda da inflação brasileira e recuperação da atividade econômica, ainda que abaixo do nível potencial.
“A queda da Selic é extremamente positiva para o país e para todos os negócios, indústria e setores bancários”, como afirma Giovanni Bianchi, trader do BR Partners, maior banco de investimento independente da América Latina.
Na avaliação de Bianchi, que é bem otimista, se for mantida essa movimentação em 2024, a economia brasileira sentirá impactos positivos no curto e no longo prazos, desde a redução do custo de crédito para empresas e famílias - consequentemente estimulando o investimento que contribui para o cenário de crescimento econômico-, até a redução da dívida pública do país.
Ele recorda que a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de outubro, veio com variação positiva de 0,24%, bem abaixo das expectativas do mercado, que estava prevendo 0,31%, e reforçando a inflação numa trajetória benigna, convergindo para a meta proposta pelo Banco Central.
Em sua avaliação, as métricas dos núcleos que formam a inflação, como energia e alimentos, estão bem em linha com a meta do BC. E isto vale tanto na variação mensal, levando em conta as sazonalidades de cada período, quanto na análise da variação dos últimos três meses.
“Se você pegar um comparativo global, o Brasil é um dos poucos países em que se teve efetivamente o controle da inflação, que continua uma trajetória de convergência à meta”, diz Giovanni Bianci.
O mais recente IPCA, divulgado na terça, 12, referente ao mês de novembro, confirmou a trajetória benigna da inflação e não deve alterar o plano de voo do BC.
No entanto, a dúvida que fica no mercado é se o BC vai deixar ambíguo o comentário em relação a mais dois cortes de 50 pontos percentuais à frente, ou se vai tirar essa ambiguidade, garantir mais de 50 pontos percentuais e deixar o outro como incerto.
Em todo caso, há a expectativa pela continuação dessa queda de taxas para chegar ao fim do próximo ano com a Selic em torno de 9,5%.
“O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse recentemente que, embora as expectativas de longo prazo estejam baixando, ainda estão pouco acima da meta. Ou seja, não é tudo mil maravilhas, mas é muito apropriado esse pacing de corte de 50 pontos percentuais”, explica ele.
Vale lembrar que apesar do otimismo para o próximo ano, há muitas incertezas a serem dissipadas, como o cenário internacional, que gera preocupação, questões geopolíticas, preço do petróleo, entre outros pontos.
“Mas quando observamos como os mercados reagem no Brasil, principalmente pelo seu efeito Carry – que impacta diretamente no câmbio deixando o real mais valorizado frente ao dólar, por exemplo – acaba colocando um sentimento positivo para o mercado e os negócios. Na nossa linha de frente, tanto na parte de investimentos, quanto na parte do mercado de capitais, tesouraria e Investment Banking, estamos otimistas com relação à prosperidade e à fomentação do business em 2024”, finaliza Giovanni Bianchi.