Petrobras diz que está preparada para novo mercado de refino

A estatal está vendendo oito de suas 13 refinarias. “Como tivemos o monopólio por tantos anos, temos procedimentos que precisarão ser mudados para nos tornarmos mais competitivos", afirma a diretora de Refino, Anelise Lara

Informa a diretora de Refino e Gás Natural da Petrobras, Anelise Lara: a empresa continuará como uma forte competidora no novo mercado de refino do Brasil, que se formará nos próximos anos a partir da venda de oito, do total de 13, refinarias hoje administradas pela Petrobras. 

A afirmação foi feita durante durante o painel “O novo mercado de downstream” da Rio Oil & Gas, o maior evento do setor na América Latina, que se realia no Rio.
 
“Continuaremos com 1,1 milhão de barris de petróleo sendo processados por dia. Já temos feito diversas ações em eficiência energética, descarbonização, transformação digital e também elaboramos produtos mais avançados”, afirmou Anelise, que prevê como desafio para a Petrobras o preparo das equipes para esse novo cenário. 

“Como tivemos o monopólio por tantos anos, temos procedimentos que precisarão ser mudados para nos tornarmos mais competitivos. Precisamos ganhar em flexibilidade, mantendo a governança e a integridade dos processos”, disse a executiva.
 
Um exemplo de sucesso que pode ser adotado para essa mudança de cultura, segundo a diretora, é o que foi observado em relação à segurança operacional. 

A Taxa de Acidentados Registráveis da área de Refino e Gás Natural alcançou a marca de 0,3 por milhão de homem-hora, sendo que a média mundial é de um índice de 0,9. 

“Alcançamos esse resultado porque segurança é um valor intrínseco para nós, está no nosso sangue. Agora, temos que buscar cada vez mais baixos custos e uma melhor performance operacional. Com esses valores e diretrizes, certamente seremos um forte competidor”, previu a diretora.
 
O mercado brasileiro de "downstream" será alterado por dois grandes movimentos, de acordo com Anelise: os desinvestimentos da Petrobras de metade da sua capacidade de refino e a transição energética, que demandará novos produtos, como o diesel renovável e o BioQAV.

”Será um mercado totalmente diferente. Hoje, competimos só com os importadores, mas haverá competição também entre as refinarias. Isso trará novos players e mais investimentos em logística, tecnologia e novos produtos”, explicou a diretora.
 
A Petrobras já recebeu ofertas finais para compra de quatro refinarias e espera receber, ainda este ano, propostas para outras duas. As duas unidades restantes devem entrar em fase final de venda no primeiro trimestre de 2021.