Missão empresarial organizada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), integrada por produtores rurais, pesquisadores, executivos do governo estadual cearense e do Senar-CE e Sebrae-CE, inicia nesta terça-feira, 2, em Los Angeles, uma agenda de visitas a projetos de irrigação e de reuniões com várias instituições da Califórnia, incluindo universidades e institutos de pesquisa em diferentes áreas da agricultura.
A viagem foi organizada pelo professor Daniele Zaccaria, da Universidade da Califórnia David (UCDavis), e seu principal objetivo é transmitir, in loco e por meio de palestras técnicas, o estágio tecnológico atual da irrigação nos EUA.
Liderada pelo presidente da Faec, Amílcar Silveira, e tendo como consultor convidado o secretário Executivo da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Governo do Ceará, Sílvio Carlos Ribeiro, a missão – composta de 25 pessoas – terá como primeiro compromisso uma visita, hoje, 02, à cidade de El Vale, onde está localizado o Imperial Valley’s, cuja área irrigada – de 250 mil hectares – é uma referência mundial na irrigação: ele usa água da transposição do rio Colorado.
Para que se tenha uma ideia do que isso representa, basta dizer que em todo o Estado do Ceará estão irrigados 80 mil hectares. Se aproveitar todas as áreas disponíveis em todos os projetos de irrigação existentes na geografia cearense, chegar-se-á, no máximo, aos 250 mil hectares do Imperial Valley’s, como informa o secretário Sílvio Carlos Ribeiro.
Os cearenses passarão dois dias conhecendo o Imperial Valley’s, o que inclui várias fazendas, entre as quais uma que produz alfafa e outra que cultiva oliveiras das quais fabrica o azeite. Eles conhecerão o Centro de Controle de Água do projeto e ouvirão explicações técnicas sobre a tecnologia empregada na irrigação, sobre o uso da água e sobre as várias culturas agrícolas que lá se desenvolvem.
Um dos pontos altos da programação da missão da Faec será a visita ao All-American Canal, com 132 quilômetros de extensão, sendo o maior canal de irrigação do mundo. Ele é muito antigo – em 2012, celebrou-se o seu primeiro centenário de construção – e percorre boa parte da fronteira com o México, levando água do Colorado para o Imperial Valley’s e para várias cidades da Califórnia, incluindo San Diego.
Ele transporta hoje muito mais volume de água do que o Projeto São Francisco poderá transportar no futuro, segundo informa o presidente da Faec, Amílcar Silveira, “o que revela a visão que seus idealizadores tiveram ao planejá-lo e o construírem naquele tempo”.
Ontem, a missão fez uma visita – não programada – ao campus da Universidade da Califórnia David em Riverside, onde há uma grande plantação de citrus, principalmente laranja, e, ainda, um laboratório do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Por que essa missão à Califórnia? – foi a pergunta que esta coluna endereçou ao presidente da Faec, que respondeu:
“Porque nós, agricultores nordestinos, precisamos aprender e aplicar as novas tecnologias não só as da irrigação – algo que já dominamos bem, principalmente na fruticultura – mas de novas culturas. A Califórnia tem muito a nos ensinar, e nós estamos aqui com o único objetivo de nos apropriarmos desse conhecimento que será essencial ao desenvolvimento da economia primária do Ceará. Neste ponto, estamos muito bem afinados com o Governo do Estado, via Secretaria do Desenvolvimento Econômico, e isto tem sido possível pela boa relação da Faec com o secretário Salmito Filho, que estará conosco nesta viagem de conhecimento”.
Alexandre Gontijo, presidente da Associação dos Produtores de Leite do Ceará (Aprolece), que integra a missão, não esconde sua ansiedade diante do que conhecerá ao longo da viagem.
“Pelo que já vimos ontem na visita ao campus da UCLA e à área da citricultura, não tenho dúvida de que esta missão ampliará o nosso conhecimento a respeito de nossa atividade”, disse ele.
O secretário Salmito Filho juntar-se-á à missão da Faec na próxima sexta-feira, dia 5. A viagem durará 15 dias. Os cearenses da missão da Faec estão ainda se costumando ao fuso horário. Quando aqui é meio-dia, em Los Angeles são 8 horas da manhã.