Fiec celebra números da indústria no primeiro semestre

Produção industrial do Ceará cresceu 7,3% de janeiro a junho deste ano. Foi mais do que a indústria nacional, cuja produção cresceu 2,7%.

Festa na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), que celebra um portentoso crescimento de 7,3% da produção industrial do estado no primeiro semestre deste ano. A celebração tem uma boa motivação: a indústria cearense experimentou, de janeiro a junho de 2024, um incremento maior do que o da indústria nacional, cujo crescimento foi de 2,7%. Só no mês de junho, a indústria do Ceará cresceu 11,1%, o que o mantém na quarta posição entre os estados em crescimento acumulado.

Feliz com esses números, Ricardo Cavalcante, presidente da Fiec, adiciona mais uma informação relevante: no último mês de junho, o setor da indústria metalúrgica do Ceará cresceu 29,7% na comparação com junho do ano passado de 2023.

“Esse incremento indica uma retomada expressiva do segmento, estimulada pelo crescimento das exportações do setor nos últimos meses, principalmente para os Estados Unidos”, como diz o presidente da Fiec.

Ricardo Cavalcante informa, ainda, que o segmento de Produtos de Metal foi o que mais cresceu no primeiro semestre deste 2024 com expansão de 35,2% no acumulado do ano. Causa: redução dos preços do chão de fábrica e uma baixa base de comparação setorial. Em junho, houve uma aceleração de 55,4% desse desempenho, explica ele.

No mês de junho, a produção física da indústria foi estimulada pelo aquecimento do consumo dos produtos têxteis, couro e calçado e confecções. Neste ano, esses setores apresentam um crescimento acumulado de 14%. Esses mesmos setores também registram um aumento na geração de empregos formais, ou seja, a produção e a geração de emprego estão alinhadas aí.

A expectativa para este terceiro trimestre em curso – segundo o presidente da Fiec – é, igualmente, de crescimento.

Mas, no primeiro semestre deste ano, três setores da indústria cearense apresentaram queda: produtos químicos, que caíram 42% e vêm caindo desde 2022; máquinas e materiais elétricos, com retração de 10,5%; e coque e derivados de petróleo, que encolheram 1,9%, algo considerado normal porque ligados movimentações sazonais. 
 
A indústria brasileira como um todo – a cearense no meio – tem enfrentado problemas nos últimos anos, o primeiro dos quais são os altos juros, que se mantêm elevados por causa da inflação que segue subindo, uma consequência da política monetária, que tem a ver, também, com a política fiscal.
 
Juros altos são um duro obstáculo à obtenção de financiamento para a modernização, ampliação e inovação dos diferentes setores industriais. A indústria têxtil e de confecções é, talvez, o segmento mais castigado pelos altos juros. 

As empresas de beneficiamento do algodão, diante da redução do consumo interno, estão buscando novos mercados externos para escoar sua produção, que só faz crescer. A de confecções, que sofre a concorrência chinesa, faz mágica para competir com as roupas que vêm da Ásia a preço mais baixo do que o do custo da produção nacional brasileira.

A indústria têxtil cearense mantém-se tecnologicamente atualizada, graças a investimentos constantes em equipamentos e máquinas. O setor de confecções, que já foi líder nacional, sofre hoje as agruras dos juros altos, da redução do consumo e da concorrência asiática.

Em Fortaleza e nas cidades do interior do estado, as pequenas e médias indústrias formais de roupas – que têm funcionários com carteira assinada e recolhem os seus impostos – sofrem mais ainda, pois, de quebra, têm de encarar a concorrência da clandestinidade, o que pode ser observado nas feiras de rua, como a da José Avelino, no Centro desta capital, onde se compra e se vende à revelia do fisco.
 
Ontem, saiu o IPCA de julho, divulgado pelo IBGE. Ele veio com alta de 0,38%, acima do 0,35% previsto pelo mercado. Isto eleva a inflação anualizada (julho de 2023 a julho de 2024) para 4,50%, exatamente o limite da banda superior da meta da inflação. 

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, já avisou que “não hesitará” em subir a taxa de juro Selic em sua próxima reunião de setembro. 
A indústria, o agro, o comércio e o serviço que se cuidem.