ENTRE A CHUVA E O CHOQUE
AMANDA: Começou em 2019. Fui pra formatura de um amigo meu em Rio Branco (AC) e, quando estava em São Paulo, por conta de intensas chuvas, meu voo atrasou. Tinha uma conexão em Brasília, mas, ao embarcar no destino, o voo pro Acre já tinha saído. Passei um dia na capital do Brasil e trombei com ele no hotel, bem aleatoriamente. Bastou reconhecer meu sotaque pra gente começar a conversar – culpa de sermos nordestinos.
Depois, segui meu caminho. Não trocamos telefone. Eu só sabia o nome dele, e ele o meu. Passamos um booooom tempo sem nos falar, e nos encontramos em uma rede social por acaso. Ele me encontrou e eu fiquei CHOCADA porque minha rede social só tem meu primeiro nome, não tem nem minha localização... Nada que me identifique. Enfim, MUITO doido. Na verdade, é um amor abençoado pela meteorologia.
TALES: Eu participava de uma palestra sobre TI em um hotel em Brasília, e a vi. Cara, aquela morena alta e falando com aquele sotaque me capturou total. Abordei, e passamos um tempo conversando. Então ela foi embora e eu fiquei só com o nome. Com sinceridade, sempre lembrei dela apenas pela conexão na nossa conversa, mas nunca consegui encontrá-la pelas redes sociais. De alguma forma, muito tempo depois, o algoritmo de uma dessas redes a sugeriu como perfil. Vi a foto e reconheci na hora. Passei a ser o cara mais “amandealista” do universo todinho. Chamei e parece que choquei ela, rs.
ASSUMIR A BREGUICE
AMANDA: Eu não tinha nenhuma pretensão amorosa, não tenho paciência. Achava brega, sempre olhava as pessoas namorando com apelidos e declarações e achava cafona. Sou uma virginiana nata, completamente prática. Não gosto de me expor, não tinha paciência pra relacionamentos e era acelerada demais. Tales veio e me provou todo o contrário. Me provou que relacionamento antes de tudo é segurança, parceria, sentimentos bons que eu nunca tinha pensado que podiam existir nessa proporção, e que só ele consegue me dar.
TALES: Não era pra ser como está – mas seguimos pra continuar sendo, sem dúvida nenhuma. A certeza que posso evidenciar em palavras não é nem um décimo do que sinto, mas posso dizer que tudo até aqui foi uma construção magnífica demais. Fui abençoado com alguém que está mais próximo do que longe de mim, nesse contexto. E eu não poderia querer outra história além dessa. Quase todos os relacionamentos anteriores não me trouxeram grandes experiências maravilhosas – exceto um, que quase me trouxe uma filhota.
BARRUADA COM SAUDADE E TUDO
AMANDA: Moro em Jardins, interior do Ceará. Ele mora em Brasília. A gente vive à distância. Ele veio me ver no meu aniversário, no último dia de agosto, e, por conta do trabalho dos dois – sou enfermeira e, ele, arquiteto de soluções de TI – não conseguimos morar na mesma cidade. Mas, sim, a gente pensa em fazer isso, independentemente do lugar: aqui ou lá.
TALES: Pelas videochamadas, sobrevivemos até bem. Ainda não mudamos de morada, mas já viajei até à cidade dela pra ver se conseguia matar um pouco da saudade – no fim das contas, só aumentou. Já conversamos bastante sobre morar juntos, só não entramos ainda no acordo de quando. Sabemos que pode ser em qualquer lugar, só precisa ser juntos.
AMANDA: Ah, tem uma história legal de quando ele veio me ver. Chegou, falou com toda minha família. Conversou com meu avô, meus tios, paim, todo mundo. Minha vó obrigou ele a chamá-la de vó, e agora ele pede a benção a ela. Daí, mostrei nossas comidas típicas, mugunzá salgada, cajuína, buchada de bode, pirão, baião de feijão verde com pequi, tripa…
TALES: Eu me perdi todinho e não quero nunca mais achar saída disso não, cara. Sinceramente? Hoje ela é um dos meus grandes focos, com quem tô louco pra construir a melhor vida. Planejamento pra ter até seis filhotes já fizemos também.
AMANDA: E eu, que não queria nem ter filho, hoje já tenho até os nomes. Tem mais: percebi que gostava dele quando ele dormiu no volante. Chegou cansado em casa, e dormiu no carro. Fiquei muito puta, braba. Aí depois dele me pedir muitas desculpas, pensei: “PORQUE RAIOS tô me importando com ele dormir no volante?”. Tem uma foto nossa que tô com a cara inchada de chorar porque ele ia embora. E o mais engraçado era que eu chorava e dizia: “MEU DEUS, EU TÔ CHORANDO POR CAUSA DE MACHO”.
CURTO, MÉDIO, LONGU(ÍSSIM)O PRAZO
AMANDA: A gente passa o dia inteiro trabalhando, e conversamos sempre que conseguimos. Falamos sobre nossos planos, sobre o que queremos, aleatoriedades, coisas que gostaríamos de fazer. E compartilhamos gostos em comum, como jogos, RPG... Não há nada que não temos em comum.
Pessoalmente, planejamos nos encontrar pelo menos a cada três meses, pra saudade não matar nem a mim nem ele. A longo prazo... Casar. MEU DEUS, EU CASANDO. Penso nisso, e fico: QUEM ERA EU?? Mas o universo foi tão bom com a gente que até um ônibus aqui da minha cidade vai direto pro estado onde ele está, toda semana.
TALES: A curto prazo, sem dúvidas, meu desejo é mais um reencontro. A médio prazo, conseguir construir nossa vida para que possamos viver juntos. A longo prazo, casar. Nunca pensaria nisso, pois já vinha de três anos solteiro depois de um péssimo relacionamento. Viver outro relacionamento, e à distância, nem entraria na minha lista. Mas felizmente veio, e tá sendo bom demais.
AMANDA: Sempre penso na nossa história e não vejo outra coisa a não ser "era pra ser". Não tem como, eu não tinha nenhuma ligação com ele nem nada em comum. Nos encontramos, nos separamos e, tempos depois, ele surgir pra mim? Eu poderia conhecer e encontrar qualquer pessoa na face da Terra, mas encontrei justamente a pessoa que eu vi uma vez, em uma viagem completamente doida e aleatória. Minhas amigas sempre falam que essa história seria minha cara, não teria como não ser, “coisas de Amanda”.
Sempre que conto sobre a gente pra alguém a primeira coisa que eu digo é: PARECE MENTIRA, mas não é!
TALES: Apesar de tudo, firmes e fortes.
Esta é a história de amor da enfermeira Amanda Borges e do arquiteto de soluções de TI Tales Lima. Envie a sua também para diego.barbosa@svm.com.br. Qualquer que seja a história e o amor.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor