O desempenho de qualquer clube de futebol, seja positivo ou negativo, passa por várias pessoas. Individualizar responsabilidades, em campo ou fora dele, não retrata a realidade do mundo da bola. Mas é inegável que, num mesmo ambiente, o impacto pode ser diferente dependendo da liderança. O Fortaleza é um exemplo claro disso e o técnico Juan Pablo Vojvoda é a personificação de uma grande transformação vivenciada pelo Tricolor.
Em pouco tempo, o técnico argentino transformou radicalmente a forma do time jogar (sem grandes reforços), mudou a mentalidade, implementou conceitos e trouxe confiança. Os resultados e as campanhas em campo refletem isso. Virou sensação no Campeonato Brasileiro.
Sem contar como conseguiu "ganhar o vestiário" e a admiração de todos no clube pela personalidade, com humildade, simplicidade, educação e boa gestão de pessoas.
Em entrevista exclusiva, o treinador falou sobre passado, presente e futuro no clube, os desafios no gerenciamento do atual momento de jejum de vitórias, o legado que pretende deixar no Tricolor e muito mais.
A primeira parte da entrevista você pode ver agora. A segunda parte, que contará também com o vídeo na íntegra, será publicada nesta terça-feira (14).
DN: Quando se ganha, tudo é bom. Mas você está enfrentando agora o momento mais difícil desde que chegou. Sentiu que a relação de antes mudou?
Juan Pablo Vojvoda: O torcedor quer sempre que o time ganhe, e o treinador também. A realidade é que, no futebol, times que ganham sempre, não existem. Poucas equipes que vão ganhar sempre. O que a gente busca é uma unidade, um time, que vá ao campo de jogo e o torcedor se sinta identificado com o time.
DN: Terminar o 1º turno do Brasileirão na 3ª colocação, passando quase todas as rodadas no G-4, lhe surpreendeu?
JPV: Eu sou totalmente sincero, André. Sempre planejo nossa partida com base no próximo jogo. É muito difícil imaginar como estará o Fortaleza ao fim do campeonato, ao fim do 1º turno. É verdade que os objetivos vão trocando na medida que Fortaleza consegue bons resultados, com bons rendimentos também, que foram demonstrados. Igualmente, eu sigo pensando que o próximo jogo é o mais importante, e em sempre manter uma ideia, um funcionamento, que é muito difícil.
DN: As dificuldades serão maiores daqui pra frente? É momento de se reinventar?
JPV: O 2º turno vai ser muito complicado, os adversários já conhecem nossa forma de jogar, temos que nos adaptar também às circunstâncias que vamos enfrentar. Mas sempre que começo um projeto, imagino o melhor. Quero sempre ganhar. Sempre imagino o melhor que pode passar em cada partida, tomando sempre os cuidados com as qualidades do rival. Mas sempre penso que estamos em condições de fazer uma boa partida, e hoje penso que estamos em condições de fazer um bom Campeonato Brasileiro.
DN: Você foi apontado por muitos como o melhor treinador do Brasileirão no 1º turno. Particularmente, eu concordo com isso, considerando também o trabalho feito em relação a concorrentes com investimentos muito maiores. Você concorda?
JPV: Eu trabalho para que o meu time seja cada vez melhor. Sobre o que você comenta, de que eu como treinador fiz um um bom trabalho, sempre é bonito bom escutar essas críticas positivas. Eu acho que nós estamos onde estamos na tabela por conta dos jogadores. O treinador tem sua cota de responsabilidade, de participação, mas eu também dependo muito dos jogadores. O convencimento é de parte minha, mas agora é sustentar este bom primeiro turno e seguir trabalhando. O princípio de campeonato, objetivos que conseguimos agora é pelo que estamos trabalhando no dia a dia.
DN: O Fortaleza já está marcado na sua história?
JPV: Sim, com certeza. Eu sempre lembrarei do Fortaleza. Mas não quero falar no passado, porque minha história no Fortaleza está apenas começando. Eu quero seguir trabalhando no dia a dia e somente pensar no próximo jogo. É isto que eu quero.
Esta foi a primeira parte da entrevista. A segunda, que contará também com o vídeo na íntegra, será publicada nesta terça-feira (14).