Dorival Júnior foi apresentado nesta quinta-feira (11) como novo comandante da Seleção Brasileira. O ápice na carreira de qualquer treinador brasileiro. E isto só foi possível graças ao Ceará, que recolocou Dorival no mapa e o possibilitou traçar este caminho.
No dia 28 de março de 2022, o Alvinegro anunciou Dorival como substituto de Tiago Nunes, recém demitido após fracassos eliminações vexatórias para Iguatu e CRB, em Campeonato Cearense e Copa do Nordeste, respectivamente. Dorival, então, assume o Alvinegro em momento de extrema turbulência.
O detalhe: ele estava há um ano e meio sem trabalhar, desde que havia sido demitido do Athletico-PR, em agosto de 2020. O período sabático se deu por motivos de saúde. A esposa do treinador foi acometida com severo câncer, e posteriormente ele mesmo também foi diagnosticado com a doença.
Apesar da experiência, em 2022, o treinador era visto pelo mercado com certa desconfiança. Havia dúvidas sobre como ele voltaria após este período afastado, se seria capaz de já retornar apresentando características de um treinador moderno. O Ceará apostou que sim e abriu as portas não apenas de Porangabuçu, mas do mercado nacional.
O casamento Ceará-Dorival deu certo de cara. Deu uma nova identidade ao time, fez modificações táticas, recuperou jogadores que antes estavam em fase ruim e, principalmente, conseguiu fazer ótima gestão de pessoas para contornar o momento turbulento e construir um ambiente positivo.
Resultado: o Ceará foi o único clube que venceu os seis jogos da fase de grupos da Copa Sul-Americana (se classificando ao mata-mata) e em 73 dias sob o comando do treinador, o Vozão venceu 11 jogos, empatou quatro e perdeu apenas três.
Flamengo e São Paulo
O sucesso no Vozão chamou atenção de nada menos que o Flamengo. Vivendo crise depois do péssimo trabalho de Paulo Sousa, demitido, Dorival deixou o Ceará (o que gerou mágoa em muitos alvinegros) e foi ao Rubro-Negro com a missão de "arrumar a casa" e o fez com louvor, sagrando-se campeão da Copa Libertadores e da Copa do Brasil.
Foi alvo de injustiça ao não ter o contrato renovado, mas não demorou para ficar desempregado e logo assumiu o São Paulo, levando o Tricolor também à conquista da Copa do Brasil de maneira inédita. Os bons trabalhos, em todos mostrando capacidade de lidar com a crise, credenciaram o paulista de 61 anos a assumir a Amarelinha.
Seleção
Depois da saída de Tite, Dorival já era, dentre os treinadores brasileiros, o de melhor perfil para assumir a Seleção. Além da competência como técnico, tem como ponto forte a ótima gestão de pessoas, fundamental para o momento.
Chega novamente com o desafio de 'arrumar a casa' no caos que é a CBF. Os bons trabalhos recentes em Ceará, Flamengo e São Paulo mostram que tem plena capacidade de fazer isso. Chega preparado e merece muito essa oportunidade. Mas vale lembrar o quanto o Ceará foi importante para Dorival.
Estarei na torcida por ele. Que tenha sucesso!