Depois do PIX e Open Finance, agora vem o Real Digital

O PIX vem apresentando resultados espetaculares. Já são mais de 470 milhões de chaves cadastradas e volume mensal superior a R$ 800 bilhões em transações. O uso difundido pela população reflete seu sucesso.

O Open Finance, apesar da necessidade de tempo para maturação, já nos passos iniciais, registra avanços importantes em sua implementação. O Open Finance já tem mais de 800 instituições participantes, 7,5 milhões de consentimentos de compartilhamento de dados, o que faz ser referência global, pela sua sofisticação e tamanho.

O PIX e o Open Finance, em diferentes níveis de impacto e tempo de implementação, são os emblemas da atual revolução do Sistema Financeiro Nacional.

Depois do PIX e Open Finance, agora vem o Real Digital. De forma técnica, conhecida como CBDC (Central Bank Digital Currency), a moeda digital do Banco Central, o Real Digital, será uma das maiores inovações do sistema financeiro brasileiro, não somente na forma de transações de pagamentos e transferências de recursos, mas também na nossa relação com o dinheiro, com impactos em novos modelos de negócios e nas estratégias de condução da política monetária.

DESAFIOS TECNOLÓGICOS E O REAL DIGITAL

O Presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, em evento recente da Febraban, deixou claro que a ideia das inovações em curso é formar um sistema interoperável, ou seja, que permita em uma só trilha a realização de pagamentos, depósitos tokenizados, open finance, stablecoins, entre outras operações. E o Real Digital é peça-chave neste cenário.

REAL DIGITAL: SITUAÇÃO ATUAL E PRÓXIMOS PASSOS

No início deste mês de setembro foi dado mais um passo na estruturação do Real Digital.

A edição especial do LIFT (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas) que tem como objetivo avaliar casos de uso de uma moeda digital emitida pelo Bacen, o LIFT Challenge Real Digital, recebeu 47 projetos e 9 foram selecionados.

Para se ter uma ideia, caro leitor, destaco três projetos e respectivas instituições:

  1. Santander: Conversão para o formato digital (tokenização) do direito de propriedade de veículos e imóveis e sua negociação, mediante o método de pagamento contra entrega (DvP), no qual o pagamento pelo bem (automóvel ou casa) ocorre no mesmo instante em que seu direito de propriedade é transferido para o comprador;
  2. AAVE: Reunir recursos dos poupadores (formando um fundo, ou pool de liquidez), por meio de ferramentas de finanças descentralizadas (DeFi), com foco em oferecer empréstimos e garantir que essas operações se adequem às normas do sistema financeiro nacional;
  3. Giesecke + Devrient: Sistema de pagamentos e transferências baseado no Real Digital que pode fazer transações mesmo quando pagador e recebedor estiverem sem acesso à internet (pagamentos dual offline).

O LIFT Challenge Real Digital está programado para encerrar no 1º trimestre de 2023. Em seguida, o projeto piloto do Real Digital deve iniciar até o 2º semestre de 2023 e a fase de implementação do Real Digital a partir de 2024.

Grande abraço e até a próxima semana!

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.