Não sei se é mera impressão. Por acaso, pode ser uma grande coincidência. Mesmo assim, compartilho uma percepção: calçadas, esquinas e canteiros de Fortaleza estão dando lugar a muito lixo.
Uma aglomeração urbana do porte da nossa Capital gera toneladas e toneladas de rejeitos, isso é comum; mas por que não conseguimos acondicionar e depositar os dejetos no lugar e no tempo correto?
Sejam em montes, sejam dispersos; papéis, plásticos e resíduos úmidos ganham espaço nas ruas dos bairros por onde circulei. O roteiro é variado. Fui ao supermercado e no caminho deparei-me com, pelo menos, dez metros retilíneos de toda sorte de restos residenciais. Mais tarde, fui ao colégio dos meus filhos. O que vi? Situação igual ou pior ao descrito anteriormente: uma mistura de detritos e odores insuportáveis.
A coleta feita porta a porta existe. Frequentemente, observo a passagem noturna dos chamados carros do lixo. Também atesto a rotina de trabalhadores, ao lado de caminhões caçamba, recolhendo com suas pás os volumosos “alpes” de lixo.
Os ecopontos são outra boa ideia implementada, inclusive, moro próximo a dois. Eles incentivam a reciclagem, contudo há entraves. Como uma família, sem maiores recursos e a certa distância transportará os recicláveis de casa até o ponto de recolhimento? Sem espaços específicos de armazenagem em sua residência, como acumular o suficiente para justificar a contratação de um serviço de transporte?
Depois dessa leve digressão, fixemos nas hipóteses a justificar a minha primeira impressão, ou seja, a sujeira espalhada pela cidade.
Estaria o processo de recolhimento de resíduos em Fortaleza subdimensionado? Inexistiria número adequado de recipientes públicos bem localizados e, ao mesmo tempo, capazes de receber os diferentes tipos de resíduos sólidos? Ou os costumes e hábitos da população fortalezense contribuem diretamente para esse cenário de poluição? Além da mera observação, precisaríamos de informações oficiais e dados de pesquisas independentes para responder a questões complicadas como estas.
Na percepção deste que vos escreve, apontamos duas opiniões/sugestões a fim de amenizar a situação:
i) carecemos de recipientes de deposição de resíduos sólidos complementares aos ecopontos, mais flexíveis e mais próximos às residências, sobremaneira, àquelas cuja a estrutura não permite armazenamento apropriado;
ii) são escassas as campanhas contínuas em educação ambiental e patrimonial capazes de esclarecer aos cidadãos os impactos e os problemas socioambientais-sanitários derivados da disposição imprópria dos resíduos sólidos e úmidos pela cidade.
Escrever um texto com intenção de reclamar ou assinalar problemas é penoso. Se o faço, acontece pelo desejo maior de abrir debate e pensar, conjuntamente, soluções duradouras.
Assim sendo, adoraria contar com ajuda dos leitores: qual é a situação da limpeza e da deposição do lixo no seu bairro?
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.