Do mar aberto às quadras de basquete, é preciso navegar e desfrutar a travessia

Numa manhãzinha desta semana estava a dar minhas braçadas em frente ao meu lar. Fiquei um tempinho afastado das minhas travessias pelo mar por conta do meu trabalho, viagens, treinos, reuniões e a cabeça 24h dedicada ao meu labor. Mas naquela manhã quando dei por mim já havia nadado por mais de 1h.

No último mês vim procrastinando as minhas atividades físicas e o cuidado comigo mesmo, mas é preciso me dedicar ao meu bem estar e praticar um exercício físico com regularidade me faz tão bem. Eu me dedico tanto ao trabalho, ao meu time, e aos funcionários de todos os setores envolvidos, mas às vezes falta tempo para mim mesmo.

Ao navegar, remando com os meus próprios braços, por 2.000 m no mar, minha mente viajou por belas memórias de magníficos reencontros que tive aqui no Ceará na última semana. Fortaleza sediou uma competição nacional de basquete master, que teve a participação de 1.300 atletas.

A cidade fervilhou e viveu em diferentes quadras da cidade a beleza do esporte praticado por veteranos. O evento foi disputado por 79 times masculinos e 30 femininos. Foi uma grande festa de ex-atletas profissionais, que nunca se afastaram das quadras depois de se “aposentarem”. Esta competição master bateu o recorde no número de participantes.

Durante esta competição tive a oportunidade de reencontrar 5 ex-atletas que trabalharam comigo por muitos anos. Este quinteto espetacular esteve presente em várias fases da minha vida e vivemos bons e intensos momentos.

De braçada em braçada vinham as recordações de nossas conversas, de abraços e das centenas de treinos que dei para eles.

Um deles é conhecido pelo apelido de Pezinho, hoje tenente. Outro é o Eduardo Garrido, hoje um excelente fisioterapeuta. Outro é o Eduardo Lélis, almirante reformado. Estes 3 foram meus atletas nos anos 70. Marcelo Maozão foi meu atleta nos anos 80, no Botafogo. Ele relembrou cada palavra dita no nosso primeiro encontro, quando aos 18 anos ingressou na equipe adulta do clube alvinegro carioca. A gratidão dele por mim foi comovente, vive bem e lembrou da minha importância no início de sua carreira no basquete, que o formou para uma vida bem vivida.

O Aníbal, que chamo carinhosamente de Bahia, que dirigi em Joinville, ele era uma pérola dentro da ostra, grande amigo e fiel escudeiro, conquistamos dezenas de títulos em terras catarinenses. Ele foi jogador, depois supervisor, depois assistente técnico e preparador físico em meados dos anos 2000. Ele assistiu a vitória recente do meu time, na última semana, aqui em Fortaleza, quando ao término da partida corri ao encontro dele para um abraço e gritei: Axé Bahia!

Mais um atleta que reencontrei foi o Márcio, que treinei em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, na década de 90. Hoje ambos vivem em Ribeirão Preto. Terra paulista, que tem muita identificação com o basquete nacional, onde o querido Lula Ferreira desenvolveu um trabalho modelo no time COC Ribeirão Preto, no início do século XXI.

Quanta amizade, são 5 tesouros! Pude abrir um baú que me fez voltar no tempo, que me transportou às fases marcantes da minha vida, quando encontrei estes diamantes. Fiquei em êxtase com estes reencontros, adoro poder contribuir positivamente na vida de cada atleta, comissão técnica e gestores, com quem trabalho. Quanto carinho e respeito foi vivenciado com este quinteto de veteranos! Eles me deram mais força para continuar a minha missão no basquete, me deixaram mais otimista sobre as relações humanas e também sobre a frutífera relação entre atletas e técnico!

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.