O hidrogênio verde e a transição para uma economia de baixo carbono

Escrito por Paulo Alvarenga ,

Paulo Alvarenga
Legenda: Paulo Alvarenga, CEO da ThyssenKrupp e vice-presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo
Foto: Arquivo pessoal

Buscar uma solução para descarbonizar a indústria é questão de sobrevivência. Para conter o aquecimento global é imprescindível reduzir as emissões de CO2, e o caminho é substituir os combustíveis fósseis por recursos renováveis. Nesse cenário, o hidrogênio é a peça-chave, pois é um produto de altíssimo valor para a indústria. 

Ele é empregado, por exemplo, no refino do petróleo para produção de gasolina, para fazer o diesel verde a partir de óleos vegetais hidrogenados, na fabricação de fertilizantes para a agricultura, entre diversos outros usos essenciais.

Porém, mais de 90% do hidrogênio é produzido a partir do gás natural, de origem fóssil. A boa notícia é que há tecnologias estabelecidas capazes de produzir hidrogênio verde – livre de CO2 – e em larga escala: a eletrólise da água, que usa eletricidade de fontes limpas e renováveis para separar as moléculas de oxigênio e hidrogênio. 

O Brasil tem 80% da energia proveniente de fontes renováveis (hídrica, eólica, solar e de biomassa) e é candidato a se tornar um dos maiores produtores e exportadores mundiais de hidrogênio verde. Além disso, sua base industrial é capaz de gerar um mercado interno relevante. 

Só que para o hidrogênio verde se tornar mais competitivo que o hidrogênio cinza (de origem fóssil) é necessária uma política governamental que crie um mecanismo para garantir a sua compra, semelhante ao atual modelo de leilões de energia no Brasil, e poder viabilizar os investimentos privados na cadeia produtiva. 

A Alemanha é um exemplo: estabeleceu o hidrogênio verde como a principal opção sustentável para ser climaticamente neutra até 2050 e deve investir €9 bilhões em projetos não só em território alemão, mas também em outros países.

Por aqui, entidades empresariais criaram a Aliança Brasil-Alemanha para o Hidrogênio Verde, plataforma que vai intermediar a compra e venda do insumo para a Alemanha, o que reforça a relevância do Brasil como fornecedor internacional. 

O potencial para nosso país é imenso. Além do investimento produtivo, emprego e renda, é possível reposicionar a imagem do Brasil como engajado na causa ambiental e um dos celeiros energéticos do mundo.

Paulo Alvarenga 
CEO da ThyssenKrupp e vice-presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo

Assuntos Relacionados
Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024