Inesquecível

Washington Olivetto nos deixou. Para Boni, é “o maior publicitário da história do Brasil”. É! Pois, sobre o gênio, a diretora da Globo, Manzar Feres, assim se pronunciou: “genial, criativo, provocador, apaixonado. [...] Ele criou campanhas históricas que transformaram o modo como as marcas se comunicam com o seu público. [...] um ícone assim não morre.” Foi o 1º em criatividade, ditos, escritos e atitudes. A entender a alma feminina no sentir de uma menina-moça, ao usar o primeiro soutien, criou, para a Valisère, um icônico comercial a lembrar que “o primeiro soutien a gente nunca esquece”. 

Para Olivetto, “toda publicidade é uma intromissão. E o mínimo que um intrometido deve ser é charmoso e bem-educado”. Defendia que “o sucesso sempre depende de disciplina, dedicação e algum talento. Mas também da escolha do lugar certo, no tempo certo”. A seu ver, “mais difícil do que ter uma grande ideia é reconhecer uma. Especialmente se for de outra pessoa”. Apontou: “Percebi o óbvio: não sou eterno e gostaria de deixar a marca W imortalizada.” Definia-se como um “guloso de vida e de comida” e declarou “não comer em avião porque não voa em restaurante”. Para ele, “a grande ideia tem uma característica fundamental.

Ela é pertinente. Ou seja, uma grande ideia publicitária tem que ser memorável, original, inesquecível”. Confessou: “Eu só dou palpite em duas circunstâncias: quando pedem minha opinião ou se eu tiver pensado em algo realmente muito bom para dizer.” E advertiu: “Uma das grandes coisas que impedem, muitas vezes, de se fazer coisas brilhantes é o medo e a busca excessiva de segurança.” 

Ganhar de um leão de verdade é difícil. Também o é se o leão é internacional e de ouro. Olivetto ganhou. “Tudo meu é misturado, nunca estou só trabalhando ou me divertindo. Estou sempre trabalhando e me divertindo, me divertindo e trabalhando.” Alegou não fazer propaganda de político porque não anunciava um produto que é entregue diferente do que foi mostrado. E completou: “o dinheiro dos políticos foi o melhor dinheiro que eu não ganhei.” No triste dia em que o 1º partiu, só nos resta dizer: o 1º a gente nunca esquece.

Tales de Sá Cavalcante é educador