A eleição municipal é um momento decisivo para diversos setores da economia e sempre traz um clima de expectativa, inclusive para o empreendedorismo. Mas será que, desta vez, podemos esperar algo diferente? Como alguém que vive o ecossistema empreendedor diariamente, enxergo com certo ceticismo o papel que os políticos — principalmente em cargos municipais — desempenham para promover um ecossistema empreendedor rico e sólido.
Historicamente, o apoio ao empreendedor no Brasil sempre foi um tanto limitado. Quem decide abrir um negócio já sabe que precisará lidar com muita burocracia, altos impostos e desafios que, muitas vezes, vão além da sua área de atuação. Apesar das dificuldades, o empreendedor brasileiro demonstra uma resiliência quase natural e acredito que, independentemente de quem vença as eleições, essa mentalidade se manterá.
Muitos começam com poucos recursos, mas com muita criatividade, o que faz com que o ecossistema de startups e pequenos negócios continue crescendo. Em locais mais carentes, onde muitas vezes a única saída é "se virar" com o que se tem, muitas pessoas precisam empreender, mesmo sem apoio de políticas públicas e sem acesso ao conhecimento necessário para manter seus negócios. É fundamental olhar para esses empreendedores e investir em seu desenvolvimento.
Atualmente, há poucas propostas voltadas para o empreendedorismo, é como se os candidatos não reconhecessem a sua importância para a economia brasileira. O que eu gostaria de ver mais e que os eleitos poderiam apoiar, é um incentivo à educação empreendedora desde a base. Precisamos de espaços dedicados, como nas escolas, para discutir gestão, liderança e empreendedorismo com os jovens, criando novas oportunidades que possam até mesmo transformar suas vidas.
Outra questão que poderia fazer a diferença para os empreendedores é a simplificação dos processos burocráticos. Sabemos que abrir e manter um negócio exige muito. Se as próximas gestões conseguirem tornar esses processos mais acessíveis, tenho certeza de que veremos muitos mais negócios prosperando, especialmente em áreas onde o empreendedorismo é uma das únicas saídas. Com um processo burocrático mais simples, mais pessoas se arriscariam a criar empresas e gerar empregos.
Apesar de tudo, tenho esperança para o futuro, mas ela não está diretamente ligada às eleições. Estamos em um momento pós-pandemia em que a economia global e nacional estão se reorganizando, criando oportunidades para o empreendedorismo. Vejo muita empolgação entre os empreendedores pelo Brasil; há um sentimento de prosperidade, mesmo que os políticos não estejam totalmente alinhados com essa visão.
Vale ressaltar que, além de cobrar de políticos, nós, empreendedores, também temos um papel importante, podemos e devemos realizar ações para o desenvolvimento do ecossistema. Atualmente, conto com um projeto de estímulo ao empreendedorismo, o Super Jovem, um canal com entrevistas com empreendedores de sucesso, que compartilham suas jornadas, além de oferecer conteúdos práticos e insights valiosos para aqueles que desejam iniciar ou expandir seus negócios com sucesso. Isso é apenas um começo, mas vejo que muitos empreendedores podem fazer o mesmo pelo cenário empreendedor.
Por fim, por mais que o cenário político tenha um impacto no empreendedorismo, quem está na linha de frente são os empreendedores, que inovam e buscam alternativas para transformar desafios em oportunidades. Mas, de qualquer forma, espero que os eleitos comecem a compreender e reconhecer a importância do empreendedorismo e de estimular o ecossistema empreendedor no país. Assim, quem sabe, no futuro teremos políticas públicas que nos ajudem a enriquecer o ecossistema empreendedor.
André Rubens é CEO e fundador da in8 Holding